Pinturas de crianças feridas e mulheres de luto cobrem as paredes, e aviões de guerra que se aproximam ressoam nos alto-falantes. Em plena campanha militar na Ucrânia, uma exposição em Moscou denuncia os “crimes” da Otan.
A exposição “Otan: uma crônica da crueldade” foi inaugurada no Museu de História Contemporânea da Rússia em Moscou no início de abril, pouco mais de um mês depois que o presidente russo Vladimir Putin enviou seu exército ao seu vizinho pró-ocidente.
De acordo com o museu, a exposição é dedicada à história da Otan, desde o bombardeio atômico dos EUA em Hiroshima e Nagasaki em 1945, o bombardeio da Iugoslávia pela aliança em 1999, as guerras no Iraque e no Afeganistão e a cooperação com a Ucrânia ” que levou” ao conflito atual.
“Sempre digo: é difícil falar sobre os crimes cometidos pelas tropas da Otan”, explica o guia Yaroslav Polestrov, 46 anos.
O Kremlin vê o bloco militar liderado pelos EUA como uma ameaça à Rússia e Putin culpa Washington por usar a Ucrânia como ferramenta para arrastar Moscou para o conflito.
Desde o início da campanha na Ucrânia, os meios de comunicação independentes russos foram fechados ou cessaram suas atividades, enquanto os canais de TV intensificam a produção de propaganda anti-ucraniana e anti-ocidental.
Poucos dias antes do desfile militar em Moscou em 9 de maio para comemorar a vitória soviética sobre a Alemanha nazista em 1945, a exposição recebe muitos visitantes
Para o pesquisador do museu Fyodor Kokin, a Otan desempenhou um papel crucial no conflito ucraniano. “Vemos que, na prática, os países da Aliança estão muito envolvidos neste conflito”, diz Kokin, de 28 anos. “Eles estão fornecendo armas, equipamentos e munições para a Ucrânia”, acrescenta.
Parte da amostra é “um lançador de mísseis antitanque produzido no Reino Unido e usado pelas forças armadas ucranianas”, diz Kokin. A mostra foi organizada em “algumas semanas” e recebeu 14.000 visitantes até agora, afirma.
– Propaganda de “estilo soviético” -O guia Polestrov mostra a estudantes uma mistura de bandeiras ucranianas, um capacete da SS nazista e uma bandeira americana, junto com um mapa mostrando o alcance dos mísseis da Otan dentro da Rússia.
De acordo com o guia, quem não concorda com o ponto de vista dos organizadores pode opinar no livro de visitas. Nele, alguns elogiam a mostra.
“É necessário que crianças, adolescentes e muitos adultos vejam por si mesmos como o mundo ocidental está podre”, escreveram duas mulheres, que assinaram seus nomes completos, em uma mensagem lida pela AFP.
FONTE: AFP COM INFORMAÇÕES UOL
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