Brasil

Exército cria grupo de trabalho para reformular setor dos chamados kids pretos

Movimento ocorre em meio às denúncias envolvendo militares de alta patente, como general Walter Braga Netto

Exército Brasileiro informou, nesta quarta-feira (18), a criação de um grupo de trabalho para reformular o grupo das Operações Especiais, os chamados kids pretos. Em nota, a força argumenta que a doutrina de comando é “dinâmica” e “está em constante atualização”. O movimento ocorre em meio às denúncias envolvendo militares de alta patente, como o general Walter Braga Netto, em crimes contra o Estado. Agora, a equipe tem até março de 2025 para propor ações.

“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que a Doutrina de Operações Especiais é dinâmica em todo o mundo e está em constante atualização. Alinhado com essa realidade, o Exército Brasileiro decidiu constituir um grupo de trabalho para identificar e propor ações voltadas ao aprimoramento da capacidade de Operações Especiais”, disse.

Questionado pela reportagem se a criação do grupo de trabalho decorre da participação de militares em eventuais crimes, como apontado pela Polícia Federal em inquéritos, o Exército negou. “A criação do GT não tem motivação específica e atende ao Planejamento Estratégico do Exército 2024-2027. Os trabalhos deverão ser concluídos até o final do mês de março de 2025, podendo serem prorrogados, caso necessário”.

O setor de Operações Especiais do Exército tem sede em Goiânia (GO) e é subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP). Os militares são conhecidos como ‘kids pretos’, em referência ao gorro preto usado durante as missões. Esses profissionais são especializados em guerra não convencional, contraterrorismo e ações em ambientes de alta complexidade. A atuação do grupo é sigilosa, exigindo aprovação direta do Comando do Exército.

Prisão de general

No último sábado (14), a PF prendeu o general Braga Netto, que atuou como ministro da Casa Civil e da Defesa de Jair Bolsonaro. Em novembro, o militar havia sido indiciado pela corporação por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O órgão ainda apontou os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A defesa disse que “com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”.

O Exército confirmou que o ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro vai ficar sob custódia no Comando da 1ª Divisão de Exército, na cidade do Rio de Janeiro. Dias depois, o ministro da Defesa, José Múcio, comentou a prisão de Braga Netto e afirmou que “há um constrangimento ao espírito de corpo de cada força”. “Desejamos que todos esses envolvidos respondam na Justiça”, disse.

Segundo Múcio, a prisão mexe com os militares. “É como você ter um amigo que está respondendo a um processo: você quer que ele pague diante da lei, mas você fica constrangido, porque é um amigo. Ele [Braga Netto] tem muitos colegas da reserva, está preso, o primeiro quatro estrelas, mas não foi uma surpresa para absolutamente ninguém”.

FONTE: R7.COM

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