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Ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza é condenado a 145 anos de prisão

É a segunda vez que ele é condenado na Lava Jato. Desta vez, a condenação é por peculato, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistema público em obras do Rodoanel Sul.

O ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias) Paulo Vieira de Souza foi condenado nesta quarta-feira (6) a 145 anos e oito meses de prisão por peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público nas obras do Rodoanel Sul, em São Paulo. É a segunda vez que ele é condenado na Lava Jato em menos de uma semana.

Apontado como operador do PSDB, Paulo Vieira completa 70 anos nesta quinta (7) e, se não tivesse sido condenado, o tempo para os crimes prescreverem reduziria pela metade. O prazo das prescrições é estabelecido pelo artigo 109 do Código Penal.

A sentença foi dada pela juíza da 5ª Vara Criminal Federal Maria Isabel do Prado, que ainda condenou Tatiana Arana, uma das filhas de Paulo Vieira, a 24 anos e três meses de prisão. Um ex-funcionário da Dersa também foi condenado a 145 anos de prisão. Eles podem recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF).

Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, empresa estatal paulista de construção e manutenção de rodovias, de 2005 a 2010, durante os governos de Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB.

Ele está preso preventivamente desde 19 de fevereiro pela 60ª fase da Operação Lava Jato na sede da Polícia Federal em São Paulo aguardando transferência para Curitiba. A defesa de Paulo Vieira de Souza informou que só vai se posicionar depois de ter acesso à sentença. Ao G1, em agosto de 2018, Paulo Vieira de Souza negou as fraudes.

Nesta ação, Paulo Vieira foi acusado pelo Ministério Público Federal de desviar R$ 7,7 milhões em desapropriações no trecho sul do Rodoanel.

Segundo a denúncia, ele teria beneficiado quatro empregadas com apartamentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e auxílios-mudança que deveriam ir para os reassentados pela obra viária. Nenhuma delas morava no traçado das obras do Rodoanel.

Paulo Vieira chegou a ser preso preventivamente duas vezes em 2018 com base nesta ação, mas acabou solto após habeas corpus concedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

No último dia 14, o ministro tinha mandado suspender esse processo, mas na sexta-feira (1º), véspera do carnaval, ele voltou atrás e hoje saiu a condenação.

Denúncia

No dia 22 de março, a força tarefa da operação Lava Jato em São Paulo ofereceu denúncia contra Paulo Vieira Souza e mais 4 suspeitos de desviar R$ 7,7 milhões de 2009 a 2011 (valores da época) de obras públicas.

Segundo a denúncia, Paulo Vieira de Souza comandou o desvio de dinheiro como o destinado ao reassentamento de desalojados por obras do trecho Sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.

A denúncia foi feita após uma investigação iniciada no Ministério Público Estadual de São Paulo pelos desvios de apartamentos e de pagamentos de indenizações. Durante as investigações, a Promotoria da Suíça informou que Souza mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil.

Os documentos suíços revelaram que o dinheiro estava em quatro contas bancárias, abertas em 2007, por uma offshore sediada no Panamá, cujo beneficiário é Paulo Vieira de Souza e que, em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido da Suíça para um banco nas Bahamas.

Bens

O Ministério Público de São Paulo entrou na última sexta-feira (1) com um pedido de urgência para bloquear os bens e o sigilo bancário do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, de sua ex-mulher e de suas duas filhas, no âmbito das investigações sobre fraude em licitações e formação de cartel no estado.

FONTE: G1.COM

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