Ex-diretor da Dersa e denunciado pelo Ministério Público Federal) por desvios, Preto tem um passado cheio de polêmicas e envolvimento em corrupção
A PF (Polícia Federal) prendeu na manhã desta sexta-feira (6) Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”. A ordem é da 5° Vara Federal de São Paulo após um pedido da força-tarefa da Lava Jato.
Paulo Preto foi detido em casa no bairro de alto padrão Vila Nova Conceição, em São Paulo.
No final do mês de março, a Lava Jato ofereceu denúncia contra Paulo Preto, José Geraldo Casas Vilela e outras três pessoas por terem desviado recursos, em espécie e em imóveis, entre os anos de 2009 e 2011, no total de R$ 7,7 milhões, destinados ao reassentamento de pessoas desalojadas pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) para a realização das obras do trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.
A denúncia foi aceita e os réus respondem pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.
Procurado pela reportagem do R7, a defesa de Paulo Preto ainda não se pronunciou.
O ex-diretor da Dersa e denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por desvios na estatal paulista, Paulo Preto tem um passado cheio de polêmicas e envolvimento em escândalos de corrupção. Homem forte de José Serra (PSDB), ele é apontado como operador de propinas do partido por sete delatores da Lava Jato.
Paulo Preto chegou à Dersa por meio de Geraldo Alckmin (PSDB), em 2005, pouco antes de o tucano se candidatar à presidência da República. Paulo Vieira de Souza foi diretor da empresa estatal entre os anos de 2005 e 2010. Primeiro, nas Relações Institucionais, e depois na engenharia, nomeado por Serra.
Em 2006, já com Serra à frente do governo, Paulo Preto chegou à diretoria de Engenharia. Nesse cargo, fez as obras da nova marginal do Tietê, a construção do eixo Sul do Rodoanel e de prolongamento da Avenida Jacu Pêssego.
As três obras realizadas no governo Serra são alvo da investigação do MPF. Segundo a denúncia, o esquema montado por Paulo Preto fraudava o cadastro de moradores desalojados pelas obras e que deveriam ser reassentados em outros locais.
Ao todo, o Ministério Público Federal suspeita que cerca de 1.800 pessoas foram inseridas indevidamente nos programas de reassentamento, incluindo seis famílias de empregadas da família de Paulo Preto. Os desvios chegam a R$ 7,7 milhões (em valores da época).
Relações com a cúpula do PSDB
Preto também trabalhou no Palácio do Planalto durante os quatro anos do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso no programa Brasil Empreendedor Rural, ocupando o cargo de assessor especial da Presidência.
O responsável por levá-lo ao Planalto foi Aloysio Nunes (PSDB), que tinha acabado de se eleger como senador. Atualmente, Nunes é o ministro das Relações Exteriores e senador licenciado pelo Estado de São Paulo. Nunes foi chefe da Casa Civil no governo Serra.
Em 2007, a filha de Paulo Preto fez um empréstimo de R$ 300 mil para Nunes comprar um apartamento. O atual ministro, à época, declarou que pagou o empréstimo, mas sem juros.
Em 2010, mais polêmicas envolvendo Serra: Paulo Preto foi acusado por integrantes do PSDB de ter embolsado cerca de R$ 4 milhões da campanha do partido. O dinheiro foi doado por empreiteiras para a candidatura de José Serra para a presidência da República.
À época, integrantes tucanos ameaçaram abandoná-lo por causa das denúncias, mas Preto soltou declarações polêmicas, que soaram como ameaça velada e fizeram com que os tucanos recuassem.
Além disso, delatores da Operação Lava Jato afirmam ainda que Preto pediu dinheiro para caixa dois das campanhas Serra e Nunes.
Preto ainda é alvo de outros dois processos que estão no STF (Supremo Tribunal Federal), ambos pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os processos estão nas mãos do ministro Gilmar Mendes. A defesa de Preto pediu ao Supremo para que o caso tramite na Corte, pois, inicialmente, estavam relacionados a pessoas que têm direito a foro privilegiado.
As polêmicas que envolvem Preto vão além da política. Em junho de 2010, o engenheiro foi preso em flagrante na loja da Gucci do shopping Iguatemi, em São Paulo, ao tentar avaliar um bracelete de diamantes avaliado em R$ 20 mil à época. A joia havia sido furtada na própria loja de luxo em que o engenheiro tentou fazer a avaliação. Ele foi acusado de receptação de material ilícito.
Fortuna no exterior: R$ 113 milhões fora do país
Na denúncia do MPF, o engenheiro é acusado de desviar dinheiro em proveito próprio e de terceiros entre os anos de 2009 e 2011. De acordo com o MPF, Preto fraudava o cadastro de moradores das regiões afetadas pelas obras. Indenizações e desvios de apartamentos da CDHU estão entre os auxílios recebidos indevidamente pelas pessoas cadastradas nos programas por Preto.
Durante as investigações, o Ministério Público da Suíça informou que Preto é titular de contas de offshores que somam R$ 113 milhões. O valor do dinheiro em contas fora do Brasil é incompatível com os ganhos dele.
Segundo os documentos enviados pelo MP suíço, o dinheiro estava depositado em quatro contas bancárias, que foram abertas em 2007, por meio de uma offshore sediada no Panamá. Em fevereiro de 2017, o dinheiro — cujo beneficiário da conta é Paulo Vieira de Souza — foi transferido para um banco nas Bahamas.
FONTE: R7.COM COM AGÊNCIA RECORD
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