País espera que atitude encerre crise desencadeada por tentativa fracassada de golpe do ex-presidente Pedro Castillo
O governo dos Estados Unidos manifestou nesta terça-feira a sua esperança de que a presidente do Peru, Dina Boluarte, chegue a um acordo com o Congresso para antecipar as eleições e encerrar a crise desencadeada pela fracassada tentativa de golpe do ex-presidente Pedro Castillo.
“Esperamos que a presidente Boluarte e o Congresso possam chegar a um acordo para antecipar as eleições, para que os peruanos possam ter confiança na democracia”, disse Brian Nichols, subsecretário do Departamento de Estado para a América Latina, durante uma palestra na Universidade George Washington, na capital americana.
Nichols, que foi embaixador dos EUA no Peru entre 2014 e 2017, comentou que as sucessivas mudanças de governo nos últimos anos no país andino demonstram “a fragilidade da democracia” peruana e que a tentativa de Castillo foi “claramente inconstitucional”.
Por esta razão, afirmou que o governo de Joe Biden está observando os acontecimentos no Peru “de perto” e apoia “os esforços para promover a ordem democrática” no país.
No início de fevereiro, o Congresso peruano falhou em quatro tentativas de antecipar eleições gerais, o que, salvo surpresa, enterra a possibilidade de eleições neste ano.
Em uma revisão da política dos EUA na região, o subsecretário exaltou o reinício das conversas entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana, mas avisou que as sanções ao país permaneceriam intactas até que haja “medidas concretas para uma solução democrática”.
Além disso, enalteceu a “libertação” de 222 presos políticos nicaraguenses recentemente expulsos do país e enviados para os Estados Unidos, mas exigiu que o governo do presidente Daniel Ortega “freie os abusos” contra a oposição, incluindo a retirada da nacionalidade nicaraguense de centenas de opositores.
Sobre Cuba, Nichols garantiu que os EUA estão concentrados em proporcionar o acesso ao financiamento aos empresários cubanos enquanto a ilha atravessa a sua “pior crise econômica em décadas”, ao mesmo tempo que exigiu que Havana “liberte incondicionalmente todos os presos políticos”.
“A possibilidade de melhorar as nossas relações com estes países, seja com Cuba, Venezuela ou Nicarágua, depende em grande parte da vontade desses países de fazer mudanças positivas que respeitem os direitos fundamentais”, condicionou Nichols.
Nichols enalteceu o “compromisso com a democracia” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, e condenou o ataque de bolsonaristas às sedes dos Três Poderes em Brasília, em janeiro.
O diplomata definiu a relação com o México como uma das “mais importantes e dinâmicas”, e destacou o “profundo empenho” do presidente Andrés Manuel López Obrador no combate ao tráfico de drogas para o território dos EUA.
“Há fentanil suficiente nos Estados Unidos para matar todos os homens, mulheres e crianças do nosso país”, advertiu Nichols aos estudantes.
Sobre o governo de Gustavo Petro na Colômbia, disse que os Estados Unidos trabalhar em conjunto para combater a crise climática e para “alcançar a paz no país” sul-americano.
Nichols recordou também que neste ano é celebrado o bicentenário das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Chile, assim como é lembrado o 50º aniversário do golpe de Estado no qual morreu o presidente Salvador Allende, no qual os EUA estiveram envolvidos.
O subsecretário expressou o seu apoio para que os Estados Unidos divulguem logo todos os documentos relacionados com “aquele terrível período da história”, mas disse que a situação é diferente agora e que o papel americano na região é “incrivelmente positivo”.
FONTE: AGÊNCIA EFE
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