“O Brasil nunca passou por um momento desse. Na verdade, é um sentimento de revolta com a classe política e ninguém está preparado para responder o que aconteceu nesse primeiro turno”, disse o prefeito Hildon Chaves em visita ao RONDONIAGORA nesta segunda-feira (14), ao analisar a cenário das eleições 2018. O gestor ainda fez uma análise da sua administração, destacando obras, pontos positivos e elencando seu maior desafio nesses dois anos de governo.
Ao ser questionado se a ascensão do candidato Marcos Rocha (PSL) teria alguma semelhança com a disputa à Prefeitura de Porto Velho, quando ele aparecia somente com 9% das intenções de voto nas pesquisas dos principais institutos em 2016, Hildon Chaves diz que são situações diferentes e não há como haver comparação. “Eu conquistei todos os meus votos, diferente dele (Marcos Rocha) que levou por causa do Bolsonaro. Marcos Rocha é um cheque em branco. Você não sabe o que a pessoa vai fazer. Não é um cheque em branco que a pessoa vai preencher e pagar uma conta. É um cheque em branco para fazer o que ele quiser. Eu acho que agora é hora da população, pelo menos, olhar, ver em quem votar, conhecer as propostas”, avaliou.
Para o prefeito, a renovação da Câmara Federal pode ser ainda mais benéfica para Porto Velho, uma vez que quatro deputados eleitos são moradores da Capital – Mariana Carvalho (PSDB); coronel João Chrisóstomo (PSL); Mauro Nazif (PSB) e Léo Moraes (Podemos), e cada parlamentar teria R$ 15 milhões de emenda anual. Conforme Hildon, a bancada atual destinou várias emendas e os quatro, junto com o “Expedito Neto (PSD), que tem base política mais no interior, mas tem relação direta comigo ou com Porto Velho, acredito serão bons para nossa cidade. E Porto Velho precisa manter um olhar atento para a bancada federal, porque todos os governadores que passaram por aqui nos últimos anos, governaram de costas para Porto Velho. Eu não sei se é porque o prefeito da capital é um potencial candidato a governador ou senador e por isso tentam matar na casca, nem que para isso tenha que se matar a cidade. Eu não sei se é essa a questão. Então se eu puder replicar aqui o que aconteceu em vários momentos no Amazonas, no Acre e em vários estados onde o prefeito da Capital é do mesmo partido do governador, esse seria o desenho perfeito para Porto Velho, isso pode acontecer agora ou não. O Confúcio, na minha eleição, prometeu 100 Km de asfalto para o Pimentel, no primeiro turno, depois prometeu 100 Km para o Léo Moraes e para mim não veio nenhum”, destacou o prefeito ao afirmar que o candidato Expedito Júnior (PSDB), seria mais interessante para conquistar as melhorias para Porto Velho, pois já existe um relacionamento de amizade entre os dois.
“O coronel Marcos Rocha, eu o conheço também, não tenho nada contra ele, mas é uma incógnita. Porto Velho precisa de ajuda, pois é uma capital de Estado, onde 58% das ruas não são asfaltadas”, enfatiza o prefeito afirmando que esses problemas, junto com a falta de saneamento, afetam também a área da saúde e deixam a população expostas a doenças tanto no verão quanto no inverno. “A população de Porto Velho vem sendo castigada há muito tempo, então precisa de uma postura firme do governo”.
Obras
Segundo o prefeito, Porto Velho tem obras em execução em vários pontos da cidade. Citou o asfaltamento e drenagem do Bairro Mariana; asfaltamento e, na sequência, drenagem dos bairros Flamboyant e Conceição; programa de recapeamento na região Central da cidade. “No programa todo, são 10 Km de recapeamento na região Central. Mas é importante deixar claro que o nosso programa de asfaltamento ficou comprometido por conta da alta do petróleo, que deixou nossas atas em desacordo com o mercado. As empresas que nos entregavam asfalto não conseguiram nos entregar mais porque teriam prejuízo. Então, já refizemos uma parte da licitação e falta fazer outra ainda, porque não previa essa oscilação do petróleo, mas ainda assim neste ano concluímos a Goianésia. E temos em andamento a obra do CIE, Padrão, drenagem e asfaltamento da Raimundo Cantuária até a Mané Garrinha. E a maior obra de drenagem do Flamboyant, que pega boa parte da Zona Leste da Capital, e a revitalização da EFMM e asfalto no Bairro Mariana”, disse.
Outras obras que ainda devem começar ou serem ampliadas são recapeamento de mais de 70 Km de via em Porto Velho, com recurso de emenda parlamentar (parte dos R$ 32 milhões) que será ainda licitado ou o 5º BEC irá fazer. Em fase de aprovação, já no Ministério da Integração, estão os projetos dos bairros Lagoa e Igarapé; a continuidade da Rio de Janeiro até o Orgulho do Madeira, e a continuidade da Calama até o Cristal da Calama, com recurso da emenda impositiva de bancada. “É coisa segura, coisa que já tem o recurso”.
PPP
Bastantes defendidas pelo prefeito, as Parcerias Público Privadas (PPPs) estão em fase de estudos e as mais avançadas são a de água e esgoto e iluminação, que devem entrar em fase de contratação até março do ano que vem. Nesse caso, a prefeitura irá escolher o melhor projeto mediante critério objetivos. Os estudos não geram custos para a Prefeitura, se optar pelo cancelamento. “A empresa ganha pelos critérios e vai ter direito de explorar o serviço. São obras de grande porte, então, é preciso empresas bem estruturadas. Terá que ter uma agência reguladora que, possivelmente, será a Agência de Desenvolvimento”.
Alagamentos
Com a aproximação do período de chuvas, é comum o portovelhense conviver com alagações, mas Hildon Chaves garante que onde a prefeitura está trabalhando, os transtornos neste ano já serão menores. “Deve resolver uma parte esse ano e definitivamente ano que vem. Esse ano (início) já alagou menos no Flamboyant. Não posso garantir que 100% da drenagem vai estar pronta porque estamos trabalhando na drenagem principal, que seria o equivalente a espinha dorsal, as costelas são as drenagens laterais, mas eu acredito numa melhora significativa. Para resolver a alagação em Porto Velho é fazer drenagem, o que representa metade do custo do asfaltamento. Por exemplo, para levar a Calama até o Cristal da Calama, a previsão é de R$ 11 milhões e são apenas três quilômetros. Esse valor porque a drenagem está muito longe e ela pesa muito”, esclareceu, destacando que para fazer a drenagem em toda a capital seriam necessários cerca de R$ 500 milhões.
Segundo o prefeito, hoje a prefeitura tem crédito para fazer grandes obras, pois conseguiu melhorar a nota de avaliação de D para BBB, abrindo as portas e Banco Mundial e outras formas de financiamentos a longos prazos.
Arrecadação
A reforma administrativa realizada no começo da gestão ajudou a reduzir custos, mas o combate ao desperdício é o que faz melhorar a aplicação dos recursos. “A folha de pagamento sobe, por crescimento vegetativo. Mas fizemos ajustes de administrativos. No primeiro semestre de 2016, foram gastos R$ 16 milhões de combustíveis. No mesmo período do ano seguinte, mesmo com 2 mil Km de estradas recuperadas, mais 45 Km de asfaltado, 20 Km de recapeamento, limpeza da cidade inteira, gastamos R$ 8 milhões. Na manutenção de veículos e máquinas, a gestão anterior gastou R$ 14 milhões, nós gastamos R$ 3,5 milhões e recebemos as máquinas no estado de miséria e neste ano até agora gastamos R$ 3,8 milhões. Foi uma economia considerável e com essa racionalização dos nossos gastos, a prefeitura compra mais barato porque implantamos a cronologia da ordem de pagamento, então o fornecedor de bens e serviços sabe que vai receber”.
Para tentar melhorar a arrecadação municipal, a prefeitura está realizando o a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV) que irá revisar os valores de IPTU na Capital.
Sobre a redução dos comissionados, o prefeito explica que enviou o projeto de lei para a Câmara de Vereadores, solicitando autorização para reduzir 10% dos valores dos cargos comissionados, mas até hoje não foi aprovado.
Transporte escolar
Os problemas com o transporte escolar, existentes desde o início da gestão, resultaram em um pedido de afastamento do prefeito na Câmara de Vereadores. Hildon considera que o pedido “parece uma encomenda”. Ao Jornal, ele detalha que as três empresas que prestavam o serviço de transporte escolar são problemáticas, e um foi descredenciada, entrando uma nova, do Estado do Acre, que ganhou as linhas de União Bandeirantes e Rio Pardo. “Esse pedido fala que estaria colocando a vida das crianças em risco porque os veículos são velhos, mas as duas empresas têm ônibus com mais de 12 anos de idades e essa tem 9 anos, que seria a frota mais nova. Então, é risível, o pedido é inepto”, avalia, afirmando que a licitação definitiva do serviço de transporte escolar está em andamento.
Saúde
“Hoje já diminuiu muito a reclamação por saúde em Porto Velho. Elogios, você não vai encontrar em lugar nenhum do Brasil, isso é um problema nacional. O país assumiu a missão de universalização da saúde na CF de 1988 e a cada dia que passa a atribuem mais ônus para os municípios e a União se omite mais. E está difícil fechar essa conta”, reafirma o prefeito.
Entre as melhorias, ele diz que as unidades de saúde apresentam muitos problemas na parte elétrica, o que danifica equipamentos, a Emdur está reformando este setor.
Sobre a expectativa de implantar as OSS, Hildon disse que houve uma reação negativa muito forte, então a opção foi por construir um caminho alternativo com os trabalhadores da saúde. “Hoje a secretária é uma enfermeira do quadro da Semusa. Eu diria que os nossos servidores da saúde estão administrando a saúde em Porto Velho, praticamente sem interferência do prefeito, sem interferência externa. Nós trouxemos dois secretários externos e não deu certo e eu estou dividindo essa responsabilidade com os nossos servidores. O adjunto é do quadro também. Então estou apostando as nossas fichas nesse caminho e me parece que está indo bem”.
Falando sobre essa reação negativa, o prefeito avalia que “há é uma falta de entendimento conceitual. Eu diria que ela não está descartada. Eu poderia na unidade de Jaci-Paraná, onde eu não tenho pessoal, fazer um projeto piloto. Isso não é uma coisa que você implanta do dia para a noite. Hoje nós temos um gasto de saúde em torno de 28%, quando obrigatório é de 15%. Essas OSS não acontecem rapidamente. Onde foi implantado é uma questão de 15 a 20 anos para fazer uma transição de um modelo desse, porque o pessoal estatutário continua, eles podem ou não trabalhar numa modelo desse. Houve uma reação negativa tão forte”.
Promessas não cumpridas
“Minha dificuldade é o Centro de Abastecimento Agrícola (Ceasa), é o que está mais atrasado. Talvez eu consiga cumprir parcialmente, mas estamos com uma atuação muito intensa no campo e uma coisa compensa a outra. Nós já escavamos 200 mil metros de tanque de peixe, temos o pro-café, já levamos mais de 2 mil toneladas de calcário, aumentamos a produção de inhame. Entendi que primeiro preciso fortalecer essas agriculturas que são seguras”.
Pontos fortes
“Organização da máquina administrativa. Nós devemos concluir a administração com pelo menos 200km de asfalto, já finalizamos 50% da iluminação, como estrada da Penal, dos Periquitos, a limpeza da cidade, articulação política para a retomada da obra dos viadutos, e dou crédito para crédito para cada um dos representantes/parlamentares, não interessa se é aliado ou não. E com isso já trouxemos mais de R$ 150 milhões de emenda para Porto Velho”.
FONTE: RONDONIAGORA.COM
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