Festival é alvo de duras críticas por denúncias de crueldade, mas vendedores defendem a prática e dizem que consumo não difere do da carne de porco, boi ou frango.
O Lychee, também chamado de Festival Yulin de Carne de Cachorro, acontece anualmente na província de Guangxi.
No entanto, donos de barracas de comida disseram à BBC que não receberam nenhuma orientação oficial do tipo. E funcionários públicos locais confirmaram que não houve proibição.
Nesta quarta-feira, já havia relatos de cães abatidos sendo pendurados em ganchos para serem comercializados no mercado de Dongkou, o maior da cidade.
O policiamento também foi reforçado, e uma ativista americana disse ter sido impedida de entrar em um mercado local.
Em edições anteriores, houve brigas entre proprietários de barracas e ativistas, que tentavam resgatar os cães para evitar seu abate.
O festival é comumente acusado de crueldade no transporte e no abate dos cães.
Defensores dos direitos animais alegam que muitos desses cães parecem ser animais de estimação roubados de casas e fazendas, enjaulados dentro de caminhões e brutalmente mortos no noroeste chinês, onde seu consumo é mais popular.
Já moradores e vendedores de Yulin – cidade que ganhou os holofotes internacionais desde o início do festival, há cerca de dez anos – dizem que os animais são mortos de maneira humana e que comê-los não é nem mais nem menos cruel do que consumir carne de porco, boi ou frango.
Comer cachorro é uma tradição antiga na China, na Coreia do Sul e em alguns outros países asiáticos. Simpatizantes da prática criticam o que chamam de interferência estrangeira nas tradições locais.
Na cultura chinesa, a carne de cachorro é legalizada e considerada benéfica durante os meses quentes do verão.
Mas o crescimento no número de cachorros de estimação no país – há 62 milhões de cães domésticos registrados – tem levado parte da população a gradualmente mudar sua opinião sobre o consumo da carne e a engrossar os protestos contra ele.
Ao mesmo tempo, a ampla cobertura midiática negativa sobre o evento incomoda as autoridades de Yulin. Em 2016, eles proibiram o abate de cães em público, se antecipando a protestos.
O governo de Yulin também reitera que não organiza oficialmente o festival, e por isso não poderia proibi-lo.
Neste ano, há relatos de que os abates públicos diminuíram. Ativistas estimam que, em alguns anos, cerca de 10 mil cães e gatos chegaram a ser mortos e comidos durante os dez dias de festival.
Fonte: Terra
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