BERLIM (Reuters) – O establishment político da Europa iniciou 2017 em estado de pânico: o Reino Unido havia votado pela separação da União Europeia seis meses antes e os Estados Unidos acabavam de eleger um presidente hostil a seu grandioso projeto e aos valores que defende.
As mesmas forças que levaram ao Brexit e a Donald Trump –a revolta popular com as elites distantes, a desigualdade econômica e a imigração– ameaçavam abalar o continente em um ano no qual os maiores países europeus realizam eleições.
O maior risco de todos era a França, nação com uma economia debilitada, uma ambivalência histórica em relação à UE e uma política, a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que parecia bem posicionada para capitalizar os medos dos eleitores.
Em vez disso, no domingo, Le Pen sofreu uma derrota contundente para Emmanuel Macron, candidato independente de 39 anos que adotou uma plataforma explicitamente pró-Europa.
Macron incentivou os franceses a acolher, e não rejeitar, a globalização, e prometeu trabalhar com a Alemanha para relançar a UE, um projeto visto há tempos como um fiador da paz e da prosperidade, mas que atualmente mostra dificuldade para encontrar sua razão de ser depois de anos de crise.
A vitória de Macron representa um alívio para a Europa e para os valores liberais democráticos que vem defendendo há mais de um século.
Os cenários assustadores sobre os quais se sussurrava nas capitais europeias no início de 2017 não se materializaram. A Europa recebeu uma nova chance. Estas são as mensagens principais do êxito de Macron, e se refletiram nas reações do continente ainda no domingo.
“Viva Macron Presidente! Há esperança para a Europa!”, tuitou o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni. O porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, classificou a escolha como uma vitória de uma “Europa forte e unida” e da amizade germano-francesa.
Mas a votação francesa também foi um alerta. A Frente Nacional de Le Pen teve 35 por cento dos votos, quase o dobro do que seu pai, Jean-Marie, conquistou em 2002, um resultado que atingiu a nação como um terremoto na época, desencadeando uma ampla “frente republicana” para contê-lo.
Nesta eleição, o sentimento de choque e a frente anti-Le Pen se mostraram muito mais fracos. Na noite de domingo ela subiu a um palco em Paris e pediu a “todos os patriotas” que se unam a ela na oposição ao novo presidente.
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