Medicamento aprovado para o câncer de pulmão, inclusive no Brasil, consegue controlar tumores de mama com mutações genéticas
Um tipo de câncer de mama causado especificamente por um defeito genético pode ser tratado com medicamento do câncer de pulmão, mostra estudo financiado pelo sistema de saúde pública do Reino Unido e publicado no “Cancer Discovery” nesta segunda-feira (2).
A estratégia de usar medicamentos já aprovados é particularmente interessante porque assim é possível acelerar a aprovação da droga para a nova condição.
O medicamento já usado para o câncer de pulmão é o crizotinibe, que atua em pacientes que apresentam a alteração genética ALK. Nessa alteração, o gene ALK se funde com o gene EML4 e produz uma enzima que favorece o crescimento de células cancerosas.
O crizotinibe impede a produção dessa enzima que provoca o câncer. A droga foi aprovada no Brasil para o câncer de pulmão em 2016.
Já no câncer de mama, o que pesquisadores britânicos identificaram que o crizotinibe pode inibir alguns tipos de câncer de mama lobulares — tumor que começa nas glândulas produtoras de leite.
Alguns desses cânceres apresentam um defeito numa proteína, a E-cadherin. Normalmente, essa substância ajuda as células a se manterem juntas. Quando há um defeito nessa enzima, no entanto, as células passam a crescer desordenadamente.
A literatura médica aponta que esse defeito atinge aproximadamente 13% dos cânceres de mama e 90% dos cânceres do tipo lobular. Pesquisadores estimam que, no Reino Unido, 7.150 mulheres são dianosticadas com esse tipo de alteração anualmente.
Pesquisadores testaram outras 80 substâncias
Na busca de uma droga capaz de inibir esse câncer, pesquisadores testaram outras 80 moléculas. O objetivo dos cientistas era controlar dois genes chaves usados pelas células cancerosas precisam para sobreviver.
No fim, eles observaram que o crizotinibe foi a substância que mais ajudou a controlar esses genes – principalmente o responsável pelo defeito na E-cadherin. O crizotinibe matou as células cancerosas criadas pela enzima e manteve as células saudáveis praticamente intactas.
Os cientistas também acreditam que a droga pode ajudar no tratamento de cânceres de mama resistentes à terapia hormonal. Depois da resistência ao tratamento com hormônios, um dos únicos tratamentos disponíveis para o câncer é a quimioterapia.
Depois da descoberta, a substância será testada em pacientes com estágio avançado do câncer de mama lobular. No total, a pesquisa receberá o financiamento de 750 mil libras.
FONTE: G1.COM
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