Para explicar de que forma ocorreu o desaparecimento do bebê Nicolas Naitz Silva, no dia 22 de maio deste ano, no hospital de Base em Porto Velho, os deputados estaduais receberam na tarde desta terça-feira (24), no plenário das Deliberações, após convocação, para esclarecimento acerca dos fatos, o Secretário de Estado da Saúde, Williames Pimentel, o Secretário de Segurança Pública Antônio Carlos dos Reis, o diretor do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, Nilson Cordeiro Paniágua e o diretor da Polícia Civil, Pedro Mancebo.
A solicitação para a presença das autoridades foi feita através de requerimento de autoria do Presidente da Assembleia Legislativa, deputado Hermínio Coelho (PSD), que ficou estarrecido com a história e afirmou que a Casa de Leis não pode ficar alheia a tal situação.
Relato
A avó Irenilda Naitz, ao usar a tribuna para relatar os fatos sobre o nascimento do bebê Nicolas Naitz Silva, disse que a mãe no trajeto para o HB precisou ter o bebê no Hospital de Candeias. Depois mãe e filho foram encaminhados para o HB em ambulâncias diferentes, onde o médico Lauro que fez o parto, falou que o bebê estava bem, mas que ficaria internado alguns dias para fortalecer o pulmão.
Informou que de lá foi transferido para o Hospital Infantil Cosme e Damião, onde inclusive foram tiradas fotos com a equipe médica na ambulância. Depois o bebê foi transferido para a Maternidade Regina Pacis, onde ficou surpresa com perguntas feitas por uma médica chamada Cláudia, que quis saber se a família era da capital ou do interior, se eram ricos ou pobres e se tinham parentes aqui. “O bebê nasceu às 9h26 e disseram às 18 horas que o bebê morreu. Depois foi encaminhado para o HB pela enfermeira Diana, onde a mãe estava internada e não o vi mais. Esperamos que os fatos sejam esclarecidos, porque não é possível que o corpo do meu neto tenha sumido. Pagamos a funerária e o corpo não apareceu. Acredito que o bebê esteja vivo”, disse emocionada.
Questionamentos
Após o relato da avó, o deputado Hermínio ficou comovido e disse que é difícil até descrever os sentimentos. “Existe algo muito estranho nisso. As coisas não batem e a situação precisa ser esclarecida em respeito as famílias”, disse.
O deputado Ribamar Araújo (PT) ao falar sobre a situação, disse que o problema é caso de polícia e não de saúde; questionou ausência da mãe em todo o percurso feito com a avó e a criança, e perguntou se existe registro de entrada do bebê nesses hospitais. O deputado Neodi Carlos (PSDC) perguntou
sobre a segurança dentro dos hospitais citados e se tem como averiguar de forma aprofundada esse caso.
O deputado Adelino Follador (DEM) questionou a transferência do corpo do bebê, já que as funerárias realizam o serviço de busca na própria unidade onde ocorreu o óbito.
O deputado Edvaldo Soares (PMDB) falou que apesar da mãe afirmar que teria condições de pagar o parto, já que a família não é daqui, o correto seria que o Governo custeie a manutenção deles até que o caso seja solucionado. “Confio na administração do secretário Pimentel e acredito no Governo de Rondônia”, salientou.
A deputada Glaucione (PSDC) agradeceu a presença das autoridades para esclarecer os fatos. Disse que como mãe se solidariza com a família do bebê e pediu urgência nas investigações, pois não só a família precisa de reposta, mas toda a sociedade rondoniense.
Autoridades
O secretário Williames Pimentel disse que a Sesau está dando todas as possibilidades para que a polícia esclareça os fatos. “Não podemos confundir com caso de administração de estado”, disse ao afirmar que foi ele próprio que comunicou o fato ao secretário da Sesdec, Antônio Carlos Reis, permitindo que a polícia entrasse no Hospital de Base para o início das investigações.
Pimentel disse que o HB atende 1400 pessoas e que tem uma administração complexa e que é o único hospital público de Rondônia que tem UTI neonatal. Afirmou que a gravidez de alto risco pode levar a óbito tanto o bebê com a mãe. E disse que não há sistema de monitoramento no HB e que existem acessos pelo Cosme e Damião, Hospital de Barreto e Fhemeron.
O secretário de Segurança Antônio Carlos dos Reis, disse que todas as providências que são competentes da secretaria estão sendo realizadas e existe uma indignação por parte da Sesdec com esse caso. “Essa é uma situação grave que merece uma atenção especial, e a polícia civil, assim como a policia militar, tem demonstrado o quanto trabalha.
A polícia civil em casos emblemáticos demonstrou o quanto é eficiente na apuração de certos fatos, e citou o caso do menino Pietro, que teve um desfecho lamentável. Sobre o bebê Nicolas temos muita coisa ainda para fazer, assim como muitas dúvidas também a serem esclarecidas. “Quero deixar aqui o empenho por parte da Sesdec que dará todo o suporte necessário a polícia civil para que possamos encontrar o mais breve possível uma solução para esse caso”, finalizou.
O delegado geral da Polícia Civil, Pedro Mancebo falou que as investigações iniciaram no dia 24 de maio, sendo instaurado o inquérito no dia 27. Sobre o trajeto que a mãe e o bebe fizeram até Porto Velho, o delegado disse que todas as partes envolvidas foram indiciadas no inquérito policial “Ainda não existem figuras de réus, pois estamos buscando elucidar os fatos desde o inicio, seguindo duas linhas de raciocínio onde todas as informações estão sendo checadas. Já foram requeridas vinte e quatro pessoas e dessas muitas já foram ouvidas. O caso está adiantado sendo apurado com bastante cautela”, esclarece Pedro Mancebo.
O diretor do Hospital de Base, médico Nilson Paniágua, ao responder questionamentos sobre porquê o bebê foi transferido para o Hospital de Base, já que morreu na Maternidade Regina Pacis, explicou que ele só voltou para o
HB porque era paciente do SUS e esta é a norma. Ao ouvir isso a mãe do bebê respondeu: “Vim aqui só porque disseram que era o melhor hospital de atendimento neonatal e ele era prematuro. Ia ter meu filho em Ariquemes em hospital particular. Temos dinheiro para pagar o parto. Ninguém pagou nada para mim. Pagamos a funerária e fomos reembolsados porque não havia corpo para realizar o enterro”.
O presidente Hermínio Coelho ao encerrar a reunião da Comissão Geral disse que acredita em Deus e nas autoridades policiais para que o caso seja solucionado com celeridade. O deputado conduziu para sala de reuniões as autoridades envolvidas e a família para uma conversa reservada, a fim de planejar prazos e formas de trabalho da polícia.
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