Conselho Regional de Engenharia aconselha GDF a descartar escoramento, e alerta para risco de desabamento total. ‘Está como se fosse uma casca de ovo’, diz presidente do órgão.
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) sugeriu ao governo do Distrito Federal que descarte a possibilidade de escoramento do viaduto que desabou no fim da manhã desta terça-feira (6). Para os especialistas, há risco de queda total da estrutura e ameaça à vida de técnicos que atuarão no local, caso seja este o procedimento escolhido.
O conselho de engenharia é autor de um relatório que, em 2009, pontuou a necessidade de o GDF tomar “providências imediatas” em relação à “condição patológica” do viaduto que está sobre a Galeria dos Estados, na região central de Brasília. O ponto citado é exatamente onde parte da estrutura ruiu, nesta terça.
Ao todo, o documento reunia cinco propostas para que o Buriti implantasse, na época, um programa de manutenção preventiva e corretiva das consideradas “obras de artes especiais”, incluindo o viaduto próximo à rodoviária do Plano Piloto.
‘Casca de ovo’
Segundo a presidente do Crea-DF e engenheira civil Fátima Có, os pilares que ainda sustentam o viaduto estão trincados. Por isso, a opção de escoramento deve ser substituída pela demolição total da estrutura. “É preciso fazer estudo [que diga] se o vão principal pode permanecer em pé”.
“A estrutura está como se fosse uma casca de ovo.”
A engenheira cita ainda que, apesar de a perícia ainda não ter sido feita, é possível constatar que a ausência de manutençã – em desacordo com o que foi recomendado no documento – levou à queda do viaduto.
“Havia ferrugem e bastante infiltração. Tudo isso leva a deteriorar qualquer tipo de estrutura, e mostra que demandava rápida reparação.”
“O que tem que ser feito agora é um laudo de inspeção em todas as obras afetadas e com necessidade de recuperação”, explica Fátima.
Questionado sobre o porquê de não ter investido antes na recuperação da área, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou que GDF “não tinha todo o dinheiro”.
“Infelizmente, um dos viadutos que estava nos planos de recuperação desabaou antes de inciarmos a obra”, diz Rollemberg.
Relatório
No documento protocolado em 2009 no GDF, o Crea sugeria, a criação de uma comissão com o objetivo de implantar o programa de manutenção preventiva e corretiva das estruturas. Na época, de acordo com a análise do órgão, eram raros no DF os problemas decorrentes de colapso nas fundações ou superestrutura.
“O que se nota é uma deteriorização causada pelo tempo, pela poluição urbana, e pelo tráfego cada vez mais intenso”, diz o texto. Além disso, o documento também cita o fato de a demanda por especialistas em monitoramento e manutenção “não estar nas preocupações primeiras dos governantes”.
Tribunal de Contas
Outro relatório, desta vez do Tribunal de Contas do Distrito Federal, em 2012, apontou que a manutenção das edificações públicas da capital era feita “de modo improvisado e casual”. Segundo o estudo, essa dinâmica “não garante a integridade das edificações públicas”.
Naquele momento, há quase seis anos, os auditores do tribunal identificaram oito bens públicos com necessidade de reparo e manutenção urgente.
A lista de urgências inclui, ainda:
- a Ponte do Bragueto, que faz a ligação entre o fim da Asa Norte e o Lago Norte;
- o viaduto que cruza o mesmo Eixão Sul e a via S2 (dos anexos ministeriais);
- dois viadutos do Eixo L (conhecido como “Eixinho de baixo”), nas quadras 203/204 Sul e 215/216 Sul;
- o viaduto sobre a via N2 (dos anexos ministeriais, no lado voltado para a Asa Norte), ao lado do shopping Conjunto Nacional;
- o estacionamento do shopping Conjunto Nacional, e
- o ginásio Cláudio Coutinho, próximo ao estádio Mané Garrincha.
FONTE: G1/DF
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