A campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) está apreensiva com o debate que a TV Bandeirantes realiza nesta terça-feira — o primeiro dos quatro previstos para este segundo turno. A avaliação é que o candidato do PSDB, Aécio Neves, foi melhor no debate da TV Globo e que, com isso, teria conseguido ganhar votos na reta final. A presidente está pronta para ser questionada pelo tucano sobre os escândalos de corrupção na Petrobras. O caso ganhou força na semana passada com os áudios dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff à Justiça Federal.
Além de sustentar que não há provas, pelo menos por enquanto, de que houve pagamento de propina para partidos políticos, inclusive para o PT, Dilma deve reagir à acusação partindo para o ataque. A presidente deve revidar as acusações de aparelhamento, dizendo que Aécio foi nomeado diretor da Caixa Econômica Federal aos 25 anos e afirmando que a desapropriação, pelo tucano, de terras de um tio para a construção de um aeroporto próximo a sua fazenda de Cláudio (MG) seria “imoral”. Dilma ainda deve lembrar o mensalão mineiro e o cartel de trens e metrôs em São Paulo, estado administrado pelo PSDB.
SOBRANCELHAS ARQUEADAS
Na linha de ataque, a presidente buscará desconstruir a imagem de bom gestor de Aécio, questionando a administração do tucano em Minas. A petista deve citar, por exemplo, dados sobre investimentos em Saúde, afirmando que eles teriam ficado abaixo do mínimo exigido pela Constituição. Para além do embate político, os petistas se preocupam com a imagem da presidente durante o debate. A avaliação é que Aécio ficou mais à vontade na TV Globo, enquanto Dilma passou todo o tempo com o semblante amarrado, sem sorrir, e com as sobrancelhas arqueadas.
Com foco nos indecisos e nos votos nulos de protesto, os coordenadores da campanha do PSDB apostam que Aécio repetirá o bom desempenho da TV Globo. Para o debate de hoje, na Band, ele foi treinado para desmontar números que dizem ser “mentirosos” em relação a sua gestão em Minas Gerais e a de Fernando Henrique. A arma para deixar a presidente na defensiva são os detalhes dos depoimentos de Costa e Yousseff.
Aécio também está municiado para responder sobre o aeroporto de Cláudio, cujo processo foi arquivado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, e teve ganho no Tribunal Superior Eleitoral contra uso do assunto na propaganda de Dilma. Sobre o fato de ter sido nomeado aos 25 anos para uma diretoria da Caixa, Aécio dirá que já era formado em Economia, exerceu o cargo com correção e, nos últimos 30 anos, foi testado nas urnas como votações expressivas, ao contrário de Dilma, que exerceu todas as funções por indicação e foi “incompetente” para evitar problemas na Petrobras e no setor elétrico.
Sobre a demissão de Paulo Roberto Costa, mais uma vez Aécio dirá que ele saiu com elogios e que compareceu ao casamento de Paula, a filha da presidente, no auge do funcionamento do esquema de corrupção na Petrobras. Sobre mensalão mineiro e cartel de trens, dirá que os dois casos estão sendo investigados e que não há ainda condenação, ao contrário dos mensaleiros do PT.
Fonte: O GLOBO
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