Presidente dos EUA terá encontro histórico com Raúl Castro no Palácio da Revolução
HAVANA — Opositores cubanos que foram presos poucas horas antes da chegada do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Havana, começaram a ser libertados na noite de domingo, informaram fontes da dissidência. No segundo dia de sua visita histórica a Cuba, o mandatário americano fará uma homenagem a José Martí, na manhã desta segunda-feira, e depois terá um encontro com o presidente Raúl Castro, no Palácio da Revolução de Havana, às 12h (horário local).
Entre os dissidentes libertados estão a líder das Damas de Branco, Berta Soler, e seu marido, o ex-preso político Ángel Moya, assim como o ativista Antonio González Rodiles, o grafiteiro Danilo Maldonado, conhecido como “El Sexto”, e o músico Gorki Águila.
Berta Soler não soube precisar quantas das cerca de 60 pessoas detidas já foram libertadas. Segundo ela, vários dissidentes permaneciam presos. Outros que foram soltos relataram que suas casas estão sendo vigiadas.
Os manifestantes protestavam na tarde de domingo contra o regime quando se depararam com um grupo castrista e foram levados por policiais.
Jornalistas de várias partes do mundo que estão em Havana por causa da visita de Obama acompanharam a mobilização, repleta de críticas a Obama por sua suposta condescendência com o governo de Raúl Castro.
— Obama chegou em um momento em que não deveria ter vindo — disse Soler, dirigindo-se ao presidente. — Você disse que viria se houvesse avanços em direitos humanos, e isso não aconteceu.
De acordo com o último relatório da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), uma organização dissidente e a única que relata prisões e outros atos de repressão na ilha, nos dois primeiros meses do ano forma registradas pelo menos 2.555 prisões por motivos políticos.
Obama desembarcou em Havana acompanhado da primeira-dama, Michelle Obama, suas duas filhas e a sogra. Entre outras atividades que marcarão a volta de um presidente dos EUA à ilha depois de 88 anos, Obama prevê reunir-se com dissidentes e fazer um discurso ao povo cubano, que será transmitido ao vivo pela televisão.
Cuba, que nega ter presos políticos e atribui as detenções a infrações do direito penal, antecipou que não negociará com os Estados Unidos qualquer mudança em sua política como consequência da visita de Obama.
Durante sua visita à ilha dos Castro, Obama afirmou em uma entrevista à ACB News que o Google vai expandir o acesso à internet em Cuba.
— Uma das coisas que nós anunciaremos aqui é que o Google tem um acordo para expandir o acesso ao Wi-Fi e à banda larga na ilha — disse.
Fonte: oglobo
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