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Crise em Porto Rico pode resultar no impeachment de governador

Para especialista, destino de Ricardo Rosselló tende a ser remoção do cargo pelo Congresso — e não a renúncia, como pedem manifestantes nas ruas

Após uma semana de protestos que já são classificados como os maiores da história de Porto Rico, o destino do governador da ilha, Ricardo Rosselló, tende a ser o impechment — e não a renúncia, como pedem mais de um milhão de manifestantes. É esta a opinião de Arturo Lopez-Levy, professor de relações internacionais na Universidade Holy Names, que fica no estado americano da Califórnia, e especialista em América Latina e Política dos Estados Unidos.

“Honestamente, acredito que ele está em caminho de ser processado pelo Congresso e de sofrer um impeachment. E esta seria a melhor saída para esse impasse. Seria a mudança pelo poder das pessoas na rua, mas por meio das instituições”, aponta Lopez-Levy, que também é autor do livro “Raul Castro and the New Cuba: A Close-Up View of Change” (“Raul Castro e a Nova Cuba: Uma Visão da Mudança”, em tradução livre).

Um milhão nas ruas

A imprensa local afirma que cerca de um milhão de porto-riquenhos foram às ruas pedindo a renúncia de Rosselló, sendo que a ilha tem pouco mais de três milhões de habitantes. “Se não são os maiores protestos da história de Porto Rico, são os maiores dos últimos 20 anos, no mínimo”, diz o professor.

A possibilidade de remoção de Rosselló — acusado de trocar mensagens de bate-papo ofensivas com seus assessores — parece mesmo ganhar força: nesta terça-feira (23), o Departamento de Justiça de Porto Rico confirmou à emissora norte-americana Fox News que 11 mandados de busca e apreensão foram emitidos para Rosselló e sua equipe como parte de uma investigação sobre desvios éticos.

Mensagens ofensivas e crise política

Em diálogos vazados do aplicativo Telegram no início de julho, o governador e seus assessores aparecem insultado jornalistas, políticos — aliados e de oposição —, artistas e mulheres.

Um dos citados é o cantor porto-riquenho Ricky Martin, cuja homossexualidade foi alvo de zombaria. Os recados ofensivos, entretanto, seriam a ponta do iceberg da crise política que assola a ilha.

“Há muitas razões pelas quais os protestos ganharam essa dimensão. Uma delas é a situação econômica em que Porto Rico se encontra. A ilha já não recebe tanta ajuda Estados Unidos — e isso é um processo que se desenrola há anos”, explica o especialista em América Latina.

Recessão e furacão minam imagem do governador

Segundo o site Caribbean Business, que analisa as tendências do mercado financeiro, comercial e industrial da região, o gasto médio do governo por cidadão aumentou diminuiu em 19% em Porto Rico desde os anos 1990, enquanto nos demais estados norte-americanos aumentou em 26%.

Fora isso, são mais de dez anos de recessão econômica, com uma dívida de US$ 70 bilhões (aproximadamente R$ 264,19 bilhões) que provocou a prisão de funcionários do governo  porto-riquenho por fraudes entre 2017 e 2019.

As críticas a Rosselló vêm se desenrolando de maneira mais assertiva especialmente após a passagem do furacão Maria, em 2017, do qual a ilha ainda não se recuperou completamente — escolas permanecem fechadas, apagões ocorrem com frequência diária e muitos dos que perderam suas casas seguem morando em imóveis provisórios.

Relação com os Estados Unidos

Por definição, Porto Rico é um território não incorporado dos Estados Unidos. Pertence ao país, mas aplica apenas parte da Constituição americana.

“Na prática, isso significa que os cidadãos porto-riquenhos podem ir livremente para os Estados Unidos, mas não podem votar para presidente. Além disso, a ilha tem um representante dentro do Congresso americano, mas sem voto lá dentro”, resume José Maria de Souza, doutor em Ciência Política e especialista em América Latina das Faculdades Integradas Rio Branco, de São Paulo.

Não à toa, diversos líderes políticos dos Estados Unidos se manifestaram desde o início dos protestos — a começar pelo presidente Donald Trump.
“Estão ocorrendo coisas muito ruins em Porto Rico. O governador está sendo pressionado e a prefeita de San Juan é uma pessoa desprezível e incompetente, na qual eu não confiaria em nenhuma circunstância”, escreveu Trump nas redes sociais.

A senadora democrata Elizabeth Warren, que disputa as primárias para ser a candidata do partido nas eleições presidenciais americanas de 2020, também pediu a renúncia de Rosselló — assim como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida pelos posicionamentos progressistas, cuja mãe é porto-riquenha.

Prejuízo político e conteúdo dos diálogos

No domingo (21), Ricardo Rosselló já anunciou que tentará a reeleição no ano que vem e renunciará à liderança do Novo Partido Progressista. Na opinião de Souza, esta é a confirmação de que, politicamente, o governador já admitiu seu prejuízo político.

Sobre o conteúdo dos diálogos que serviram como estopim para as manifestações, Rosselló disse em um vídeo publicado no Facebook que sabe que “pedir desculpas não basta”. “Um setor significativo da população está protestando há dias. Estou ciente da insatisfação e do desconforto que sentem. Só meu trabalho ajudará a restaurar a confiança destes setores”, completou o governador.

FONTE: R7.COM

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Gomes

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