Após ser liberado pela Polícia Federal, onde ficou detido desde as primeiras horas da manhã até o final da tarde desta quinta-feira, o governador Confúcio Moura (PMDB) fez algumas declarações surpreendentes à imprensa. Ele disse, por exemplo, que não houve coerção na sua ida à PF. Não é verdade. Confúcio foi levado à força à Superintendência da Polícia Federal em Rondônia por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que expediu mandado de condução coercitiva contra ele para que explicasse, como investigado, fatos relacionados à existência de uma organização criminosa em sua administração, da qual ele próprio faria parte. Uma vez na PF, Confúcio teve que responder cerca de 50 perguntas sobre corrupção na sua administração. Só foi liberado no final da tarde.
Tentando aparentar calma na declaração à imprensa, Confúcio também surpreendeu ao afirmar que, daqui para a frente, não será mais leniente (conivente, omisso) com atos de corrupção em seu Governo e, mesmo diante das investigações federais que resultaram na Operação Plateias, acrescentou que só tomará providências “se houver o mínimo de indício de envolvimento de membros ” de seu Governo em corrupção.
O governador afirmou ainda que seu futuro Governo não sofrerá nenhuma modificação e continuará igual ao que finda.
Ele disse que não fará demissões de pessoas apontadas como corruptas. “Não quero cometer injustiças. Preciso de provas”, acrescentou.
Nesta quinta, a Polícia Federal prendeu Francisco de Assis, lobista casado com Cláudia Moura, irmã do governador Confúcio Moura e um dos responsáveis, segundo a polícia, pela arrecadação de propina em diversas empresas que prestam serviços ao Estado. Estas empresas só ganhavam licitação se pagassem propina.
Também foi preso o notório Wagner Luiz de Souza, o Wagner Bocão, auditor fiscal, ex-secretário adjunto de Finanças e arrecadador de campanha de confúcio Moura nas eleições de 2010.
Outro que acabou preso foi o delegado Alexandre Arabe, da Polícia Civil, também acusado de arrecadar as propinas.
Na tarde desta quinta a Polícia Federal prendeu Gilvan Ramos, secretário de Finanças e ex de Saúde e homem de confiança do governador Confúcio Moura. Gilvan, Bocão, Assis e Arabe, todos intimamente relacionados com o chefe do Poder Executivo Estadual rondoniense, foram os únicos que tiveram mandados de prisão decretados pelo Superior Tribunal de Justiça. Os demais decretos foram de condução coercitiva, ou seja, à força, inclusiveo expedido contra o governador Confúcio Moura, que teve a casa revirada pelos federais. Eles apreenderam documentos e equipamentos de informática.
O esquema da organização criminosa instalada no Governo do Estado rendeu R$ 57 milhões ao bando. A Polícia Federal descobriu que existia até uma caixinha mensal de R$ 2 milhões para pagar propina a servidores dos escalões inferiores. O grosso da arrecadação ficava mesmo com pessoas ligadas diretamente a Confúcio, como seu cunhado, Francisco de Assis.
Fonte: Tudo Rondônia
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