Acampamento de refugiados no norte do país será desativado.
Refugiados serão levados a outros centros de acolhimento no país.
A retirada dos migrantes no acampamento em Calais, na França, começou na manhã desta segunda-feira (24), com grandes filas em frente ao centro de gestão aberto pelas autoridades francesas. Entre 6 mil e 8 mil migrantes e refugiados aguardavam na região uma oportunidade para cruzar o Canal da Mancha e se estabelecer no Reino Unido.
O governo francês vai fechar o campo de refugiados, que ficou conhecido como a “selva” devido às más condições, e levará migrantes para os 450 centros de acolhida espalhados pelo país.
Com malas e todos os seus pertences, os migrantes começaram a chegar durante a madrugada e a transferência começou por volta das 8h (no horário local).
Policiais armados se posicionaram ao redor de todo acampamento depois de uma noite em que pequenos grupos de migrantes queimaram banheiros químicos e lançaram pedras contra as forças de segurança, em protesto contra os planos para desmantelar a ocupação.
Os migrantes são procedentes em sua maioria do Afeganistão, Sudão e Eritreia. Muitos permaneceram no acampamento diante da costa da Inglaterra por meses e até por anos.
Quem se recusar a ir para o centro de acolhimento tem a opção de voltar para o país de origem.
Com a insegurança e o nervosismo que provocam na população local, Calais tornou-se uma questão que incendeia o debate na França sobre a imigração. A situação levou o governo do presidente socialista, François Hollande, a anunciar no fim de setembro o desmantelamento do local.
Operação de uma semana
Durante três dias, 145 ônibus serão utilizados em sistema de rodízio para transportar os migrantes aos 300 centros de abrigo temporário em toda a França. O governo, que providenciou 7.500 vagas em alojamentos, espera concluir a operação em uma semana.
Agora resta saber como será a recepção. Algumas localidades pequenas não concordaram com o plano de distribuição dos migrantes imposto pelo governo. Membros da oposição de direita citam o risco de criar várias “mini-Calais” em todo o país.
Mas o ministro das Cidades, Patrick Kanner, exigiu “respeito e humanidade” para os migrantes. “Acolher nestas localidades 30, 40 pessoas me parece o mínimo”, disse.
Além da logística complexa, a operação é considerada delicada do ponto de vista da segurança, pois algumas pessoas podem manifestar o desejo de permanecer no local e “militantes” podem recusar o processo de evacuação do acampamento.
O ministério do Interior está preocupado com a presença em Calais de 150 a 200 membros do movimento “No border”, que defende o fim das fronteiras. Mais de 1.200 policiais foram mobilizados. Outro tema sensível é o dos 1.300 menores isolados presentes na “selva” de Calais.
Paris e Londres dividem as responsabilidades pela falta de soluções ao acampamento, mas o governo britânico finalmente acelerou os procedimentos de recepção para estas crianças e adolescentes – quase 500 delas têm parentes no Reino Unido.
De acordo com o governo francês, nesta semana 194 menores deixarão Calais com destino àGrã-Bretanha.
Londres se comprometeu a receber jovens com menos de 18 anos com um parente na Grã-Bretanha, mas pode ir até mais longe após uma emenda chamada “Dubs”, aprovada em maio, que prevê o acolhimento de todas as crianças refugiadas vulneráveis e sem família.
Pela primeira vez, 53 meninas, em sua maioria eritreias, foram admitidas no sábado em território britânico, graças à emenda.
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