Interior

Com memórias e encantos de belezas naturais, município de Nova União comemora emancipação

Cidade acolhedora e boa para se viver, concentra um dos maiores pontos turísticos naturais do Estado 

Através de memórias e do encanto das belezas naturais que o município de Nova União, localizado a 370 quilômetros da Capital, completa nesta terça-feira (22) seus 27 anos de emancipação. A cidade integra a região Central de Rondônia, sendo originada em um pequeno vilarejo e, posteriormente, tonando-se município em 1994 após incentivo de seus moradores. É com base nesta história de luta e unidade do povo, que também nasceu o nome que se deu à localidade.

Essas lembranças são os principais registros de quem nasceu neste município, no qual são chamados de “nova-uniense”. São 6.895 pessoas, segundo dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que residem em uma área de 807,125 km² (quilômetros quadrados), cuja forma geométrica, olhando o mapa, parece de um diamante. “Um lugar muito pacato (tranquilo), sem tantos níveis de violência, e bom para se viver”, apontam seus moradores.

A professora de Geografia e História Eni Pereira da Silva, também pioneira da cidade, destaca o espírito acolhedor, simples e humilde de uma população que viveu inúmeros desafios nos últimos anos. “Cheguei à Nova União com 13 anos, na época, nem havia estradas. Como educadora lecionava de baixo de um pé de árvore para meus alunos, enquanto os pais deles construíam um barraco a fim de instalar as futuras dependências da nossa escolinha”, relembra.

Outra memória destacada pela professora é a participação assídua de jovens em projetos escolares, semelhante a uma ação que os levou a conhecer e aprender in loco os recursos hídricos e as matas ciliares dos rios da cidade. “Saíamos aos sábados e domingos para conhecer esses espaços, um deles, onde hoje é o Vale das Cachoeiras, principal ponto turístico”, conta.

Assim como cidades vizinhas, o município carrega fatores significativos para a geração de renda e economia. Visto pela prática da Agricultura Familiar, através da produção de café, cacau e cultivo de inhame, além da produção de leite, gado de corte e algumas práticas voltadas à Piscicultura. Outros grãos também fazem parte da linha produtiva da população, mas em menor quantidade.

Eni Pereira destaca ainda que o Artesanato é valorizado por alguns moradores da região, assim como o surgimento de minindústrias de laticínios no meio rural com a fabricação de queijos e manteiga, e polpa de frutas nativas por produtores familiares.

Este ano, em decorrência da pandemia do coronavírus, está programada uma carreata festiva em homenagem aos 27 da cidade, seguindo um trajeto em todo perímetro urbano. Antes, o costume era que os cidadãos se reunissem para realizar eventos culturais e inter-religiosos, como as festividades do dia do padroeiro da região São Roque, uma romaria da Bíblia, a popular “Marcha Para Jesus”, encontros ecumênicos, festas juninas e saraus promovidos pelas escolas

UNIÃO PELO DESENVOLVIMENTO

Nova União surgiu na década de 1980, como parte das terras do chamado Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto (PIC), organizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Nessa mesma área, pouco tempo depois, concentravam-se diversos serviços básicos prestados aos moradores da região, como saúde, educação, comércio, extensão rural, agências e entidades governamentais, incluindo serviços bancários oferecidos na época pelo extinto Banco do Estado de Rondônia (Beron).

De 1986 a 1992, eram instaladas as primeiras secretarias e departamentos governamentais a fim de fortalecer o serviço já oferecido aos seus moradores. No período, a região ainda era classificada como distrito do município de Ouro Preto D’Oeste, no qual também recebia apoio em diversos serviços.

“Às vezes viajávamos a pé nas estradas de chão. Em qualquer casa ao longo do caminho podíamos parar e pernoitar. As pessoas até compartilhavam a comida”, descreve professora Eni ao falar sobre o espírito de unidade entre os moradores.

O anseio pela emancipação político-administrativa partiu dos próprios cidadãos. Por meio de um plebiscito em 1988, a decisão em massa dos nova-unienses era pela criação da cidade. Porém, foi somente em 1994, pela força da Lei nº 566, de 20 de junho do referido ano, que oficialmente criava-se o município.

A região possui uma área de 807 km², tendo como atual prefeito João José de Oliveira, conhecido por José Levi. Segundo os próprios habitantes, o nome da cidade expressa claramente a união dos fundadores em prol do desenvolvimento local, daí o nome “Nova União”. Uma paixão pelo território, que é evidente quando um turista passa ou visita suas dependências e, respectivamente, é bem acolhido por seus moradores.

EDUCAÇÃO

“Como era época da seca (estiagem), os próprios pais dos alunos construíam um barracão para o funcionamento da escola feito com tabuinhas, e as carteiras eram produzidas com tábuas lascadas por facão”, explica Eni Pereira sobre o surgimento das primeiras instituições de ensino. Sendo um dos fatores importante para constituição do ser humano, a Educação marcou os desafios iniciais para a formulação do município de Nova União.

A educadora lembra ainda como era desafiador oferecer ensino aos jovens que, na época, não desistiam de lidar com a rotina. “Naquele tempo os recursos eram mais escassos, não tinha nem lousas para o professor escrever, eu usava um papelão para isso. Já os alunos não tinham caderno e lápis e, em vez disso, usavam uma tábua para fazer anotações. Lembro que ia de cadeira em cadeira para corrigir as tarefas que eles escreviam”, detalha emocionada.

Segundo informações da Prefeitura local, existem quatro escolas na esfera municipal, duas na área urbana e as demais concentradas na área rural, especificamente nos Assentamentos Paulo Freire e Margarida Alves. A região é atendida pela Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Maria Goretti, onde fornece serviços de escolarização para todos que necessitam.

Atualmente, todas as instituições de ensino estão operando remotamente como medida de preservar o distanciamento social durante a pandemia.

VALE DAS CACHOEIRAS

Considerado maior ponto turístico da cidade e maior destaque do setor de turismo do Estado, o Vale das Cachoeiras faz parte das belezas naturais encontradas em Nova União. Segundo levantamento da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), o lugar possui cerca de dez cachoeiras exuberantes, perfeitas para aventura e contemplação da floresta, formando piscinas com água corrente e quedas d’água de até 30 metros de altura. Há também uma boa infraestrutura, com restaurante e chalés para hospedagem.

Quando as pessoas chegam para visitar às cachoeiras, fazem um trajeto de cerca de 1km por uma passarela calçada por madeira, em meio ao contato direto da mata. O vale está entres os atrativos turísticos listados na coletânea de livros do projeto “Rondônia Tem Tudo” da Setur, com o objetivo de mostrar à sociedade rondoniense o que a região tem de melhor.

Na cidade, ainda existe um parque aquático contendo um grande tobogã, que segundo informações da Prefeitura local, é considerado o 2º maior do Brasil.

A nova atração está em processo de legalização em Nova União, o chamado Morro do Carcará, onde, segundo especialistas, tem estrutura para realização de voos livres com asa delta por atletas ou simpatizantes de modalidades esportes radicais, como forma de valorizar os recursos naturais e fortalecer o turismo regional.

ESTATÍSTICAS

Renda per capita:  17.178,06 (2018)

IDH: 0,587
FONTE: SECOM/RO

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