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Categorias do funcionalismo público federal anunciam greve a partir de 18 de janeiro

Se não houver avanço nas negociações do reajuste salarial, servidores estudam parar por tempo indeterminado em fevereiro

 

elite do funcionalismo público planeja cruzar os braços já em janeiro, e a máquina pública corre risco de sofrer um shutdown em fevereiro. O movimento é uma resposta à atitude do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) de reservar R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2022 para reajuste salarial apenas de servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) — que são base de apoio do Executivo.

Com salários congelados há dois anos, diversas carreiras típicas de Estado — como as de servidores do Banco Central, da Receita Federal, da Controladoria-Geral da União e do Tesouro Nacional — reuniram-se, ontem, para definir um calendário de mobilizações a partir do mês que vem.

O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) definiu para 18 de janeiro a primeira paralisação com o objetivo de pressionar o governo em busca de reajuste salarial.

No mesmo mês, segundo o calendário divulgado, os servidores planejam entregar cargos em comissões em órgãos públicos e promover manifestações de diversas categorias. Já em 25 e 26 de janeiro, as mobilizações nacionais retornam. Caso as negociações não avancem, representantes se reunirão, na primeira semana de fevereiro, para realizar novas assembleias e deliberar sobre a necessidade de uma eventual greve geral.

Segundo o presidente da Fonacate, Rudinei Marques, a entidade discutiu a política remuneratória do governo federal e as perdas acumuladas, “que, desde 2017, para a maior parte dos servidores públicos federais, já somam 27,2%, medidas pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)”.

Marques argumentou que o governo Bolsonaro é o primeiro, em 20 anos, a não conceder reajuste aos servidores. Cálculos divulgados pelo Fonacate, dão conta de que, apenas nesta gestão, a perda salarial por causa da inflação poderá chegar a 26,3%. “O governo, sem uma política remuneratória adequada, nos deixa poucas alternativas, senão uma mobilização geral”, enfatizou.

Há quatro dias, auditores da Receita Federal estão parados em todo o país. Eles cobram a regulamentação do bônus de eficiência e criticam a falta de espaço orçamentário para reajustes salariais. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), cerca de 738 integrantes da categoria tinham entregado os cargos de chefia até segunda-feira.

A greve da Receita afeta, principalmente, alfândegas, portos e aeroportos, causando lentidão em importações e exportações. Apenas no porto de Santos, o principal do país, os prejuízos diários em arrecadação podem chegar a R$ 125 milhões.

As negociações internas a respeito das paralisações já ocorrem, também, em cada sindicato. Ontem, o Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical) realizou a primeira assembleia a respeito da paralisação prevista para 18 de janeiro. A previsão é de que, antes da data, outra assembleia seja realizada para debater demandas específicas da operação do Tesouro e da Controladoria-Geral da União (CGU).

O último aumento salarial desses servidores foi em janeiro de 2019. “Se não houver nenhum reajuste neste próximo ano, só neste governo, a gente perde 26% para a inflação até dezembro do ano que vem”, afirmou o presidente do Unacon Sindical, Bráulio Cerqueira. Ele definiu como “discriminação” o reajuste concedido aos profissionais da segurança pública. “A renda de todos os trabalhadores precisa ser preservada, e não só de uma ou outra categoria”, sustentou.

Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), criticou o esforço do governo para beneficiar aqueles que são seus aliados. “Em vez de sair um reajuste geral, fizeram reajuste só para os policiais. Parece que conceder para uns e não para outros fica uma situação de beneficiar quem é aliado de Bolsonaro”, reprovou. “Os salários dos peritos e delegados da Polícia Federal serão muito maiores do que os dos servidores de carreira do Banco Central. A gente vai ter um risco de êxodo, de debandada, vai atrapalhar o BC, porque nossos salários ficarão muito abaixo.”

Caso a greve se confirme, a paralisação dos servidores pode ter um efeito cascata. No caso dos servidores da Receita, a arrecadação — crucial para o governo ter dinheiro em caixa e honrar seus compromissos — fica comprometida. Foi o que explicou Roberto Piscitelli, economista e professor de finanças públicas na Universidade de Brasília (UnB). Para ele, o atual quadro é consequência de uma falta de coerência e planejamento remuneratório por parte do governo.

“As diferenças se tornam maiores, e a sensação de injustiça é crescente, porque, enquanto algumas categorias têm poucas dificuldades para conseguir seus reajustes, outras estão absolutamente marginalizadas”, disse. “Ter servidor, há cinco anos, sem reajuste é uma coisa intolerável. As pessoas aguentam isso quando a inflação está baixa, quando há perda, mas ela não é tão acentuada. Mas quando passa de dois dígitos, fica insuportável”, acrescentou.

A tendência, segundo Piscitelli, é de que, no último ano de governo, o Executivo esteja enfraquecido e envolto em diversas crises de administração pública. Com isso, as pressões de órgãos de classe devem aumentar.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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