A ideia do show é uma espécie de stand-up, além de prestar uma homenagem a Bussunda e Maria Paula, a oitava casseta
Se você tem mais de 20 anos, provavelmente vai se lembra do machão Maçaranduba e suas confidências ao seu “sarado diário”, assim como do letrado seu Creysson, que tirava dúvidas de português se embaralhando nos “nómios complicádios”. Ou ainda dos confusos policiais Fucker and Sucker, que nunca conseguiam sincronizar as suas falas.
Os icônicos personagens do programa Casseta e Planeta estão de volta, na verdade serão recordados nos palcos. O elenco original do grupo humorístico, exibido na Globo de 1994 até 2010, se reúne a partir deste mês para uma série de apresentações pelo país, como parte da comemoração por seus 30 anos de estrada.
“Vai ser quase um stand-up de cinco, falando do passado, de coisas que aconteceram nessas três décadas. Vai ter uma homenagem a Bussunda e vamos falar da Maria Paula, a ‘oitava casseta’. Não teremos os personagens no palco, mas vamos falar deles. E terá música, nossos shows sempre foram muito musicais”, afirma Beto Silva.
Além de Beto, 59, Claudio Manoel, 60, Helio de La Penã, 60, Hubert Aranha, 59, e Marcelo Madureira, 61 vão participar da turnê Casseta & Planeta Tour 30 Anxs 2019. A única ausência é a de Reinaldo Figueiredo, 67, que hoje segue carreira de músico na Companhia Estadual de Jazz, mas também será lembrado nas apresentações, como Bussunda, que morreu em 2006, vítima de um ataque cardíaco.
O elenco, que se uniu pela primeira vez no fim da década de 1970, em uma casa de shows carioca, não se apresentava junto nos palcos desde que o programa Casseta e Planeta passou a ser semanal, em 1998 -até então, ele era mensal. Mas eles dizem não ter perdido o jeito ou a paixão pelas apresentações ao vivo.
“Deu um certo nervosismo [voltar aos palcos], porque faz muito tempo, mas sempre gostei muito de fazer show. Particularmente, lamentei quando a gente parou com eles. Mas é aquele negócio, a gente tinha que ter vida, cuidar da família, educar os filhos, ficar com a mulher. Foi uma opção pensada”, recorda Hubert.
Desde o término do Casseta e Planeta Urgente!, em 2010, o grupo se uniu novamente em 2012, também na Globo, para o Casseta e Planeta Vai Fundo, cancelado no mesmo ano. E depois, em 2016, no canal pago Multishow, para o Procurando Casseta e Planeta. Em 2019, eles criaram um canal no YouTube para recordar os personagens clássicos da atração – este ainda no ar.
Foi a partir desse último encontro que os empresários dos artistas tiveram a ideia da turnê. Foram em torno de seis meses para escrever novos números, recordando o que foi feito nesses 30 anos, sem esquecer as adaptações, como a música que citava Zico e agora vai falar de Neymar, ou o vagabundo do “Rap do Vagabundo”, que virou youtuber.
“É uma celebração, mas também uma forma de mostrar que estamos aqui, fazendo nossas piadas. Elas continuam boas, estamos bem de saúde, fazendo uns tratamentos intensivos, tomando remédios, treinamentos físicos para aguentar a parada. Mas estamos gostando muito dessa experiência”, brinca Hubert.
UM NOVO HUMOR?
Apesar de recordar e adaptar o mesmo estilo de humor feito décadas atrás, os humoristas do Casseta e Planeta Urgente reconhecem que, em nove anos, desde o fim do programa na Globo, muita coisa mudou em relação à comunicação e à concorrência. Para eles, essa parte é a que vai demandar maior adaptação.
Quando o grupo começou, diz Hélio de La Peña, eram poucas as opções de programação humorística e apenas na TV aberta, agora tem rede social e memes: “Tem gente fazendo comédia pelo IGTV, você tem canais como o Comedy Central, enfim, uma variedade grande para esse tipo de produção de humor”.
Nesse contexto de tecnologia, os humoristas se preparam também para uma mudança na forma que acontece o feedback do público, que era “baixo e indireto” e que agora acontece de forma imediata, via redes sociais. Segundo eles, isso pode afetar até mesmo o conteúdo a ser apresentado.
“Antes, o cara teria que escrever uma carta para a Globo, que encaminharia a mim e eu dificilmente teria como responder. Demorava, era difícil e as pessoas nem acreditavam que teriam retorno. Hoje, se o cara não gosta, publica que não gostou, e a conversa entre artista e consumidor se dá em público”, diz Hélio.
Mas eles afirmam que não vão se se inibir por causa disso, e farão o humor crítico que sempre fizeram: “Sempre demos pancadas para todos os lados, humorista não tem lado. O lado é o da piada”, afirma Beto. “Claro que hoje em dia tem um pessoal que se irrita, mas a gente não vai devolver dinheiro de quem não gostar”, completa rindo.
Segundo Hélio, se na hora de montar um quadro o grupo percebe que ele tem mais uma postura de afirmar um ponto de vista, uma posição política, do que fazer humor, não há problema em abrir mão. “Nossa intenção é fazer rir, tirar graça de uma situação”, afirma ele.
Na avaliação do grupo, o humor está cada vez menos focado em fatos. Para a trupe, seja na política ou em outras áreas, o humor tende a fazer abordagens mais genéricas na televisão, seja aberta ou fechada, deixando as “piadas imediatas” para a internet. “E tem pessoas que cobram isso”, afirma.
“Não há mais humor da atualidade, de fatos, que era uma coisa que a gente fazia muito, a gente ia muito direto em cima do que estava acontecendo. Se fala de política hoje, mas não em cima do fato, em cima do que aconteceu, fala de uma forma mais geral, isso mudou, não tem, pelo menos na TV aberta”, aponta.
26/10: Maceió – Teatro Gustavo Leite
27/10: Recife – Teatro Riomar
02 e 03/11: Belo Horizonte – Teatro Vallourec
09/11: Curitiba – Teatro Positivo
15, 16 e 17/11: São Paulo – Teatro J. Safra
22/11: Vitória – Álvares Cabral
08/12: Rio de Janeiro – Vivo Rio
FONTE: FOLHAPRESS
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