Brasil

Casos de dengue seguem em alta nas regiões frias e secas do Brasil

De acordo com observações realizadas pelos pesquisadores da Fiocruz, mudanças climáticas têm feito vírus se espalhar por locais até então pouco frequentes. Casos dispararam em Santa Catarina e no Paraná e Ministério da Saúde emitiu alertas

O Brasil vive, hoje, um surto de dengue. Do início do ano até este mês, houve um aumento de 113% de prováveis casos notificados, segundo o Ministério da Saúde. Porém, a doença está em migração rumo a regiões mais frias e secas, como o Centro-Oeste e o Sul. Na última semana do mês passado, o InfoDengue, sistema de alerta da pasta, enviou comunicados para 215 cidades no Paraná e 120 em Santa Catarina. O pico de casos em todo o Brasil foi no Paraná, com 4.756 confirmações.

A situação chama a atenção. De acordo com o Observatório Nacional de Clima e Saúde, plataforma vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o comportamento da doença está mudando. A justificativa é que as mudanças climáticas no país estão fazendo com que o vírus caminhe para regiões nas quais as infecções eram pouco frequentes.

De acordo com o coordenador do Observatório, Christóvam Barcellos, “com a mudança climática, os verões estão cada vez mais estendidos. Brasília, por exemplo, às vezes não tem temporada fria e favorece a proliferação dos mosquitos. Em maio, deveria cair (a circulação da dengue), algo que não está acontecendo. O mesmo ocorre em algumas cidades do interior do sul. A janela de transmissão está se abrindo”, explicou.

Inexperiência

Com o clima favorável, a reprodução do vírus se torna mais intensa em novas áreas. Isso ocasiona uma outra preocupação para os especialistas da Fiocruz: a falta de experiência dos profissionais de saúde que atuam nessas regiões. “Tem áreas novas, com transmissão recente, e os médicos e os serviços não estão preparados para diagnosticar. Um gaúcho do interior começa a ter febre e raramente se pensa em dengue. As doenças se confundem pelos sintomas. Por isso, são importantes os alertas de saúde pública e o fortalecimento das medidas”, ressaltou o Barcellos.

O Ministério da Saúde informou ao Correio que intensificou as ações de prevenção e controle da dengue, assim como campanhas de mobilização e apoio aos estados e municípios. “Foram entregues 40 milhões de pastilhas de larvicida para o tratamento de recipiente/depósitos de água para todos os estados e Distrito Federal. Além disso, foram distribuídos mais de 3 mil kg de inseticida para o tratamento em pontos estratégicos”.

Sobre a capacitação de profissionais de saúde, a pasta salientou que realiza “oficinas, webinários e orientações pontuais aos profissionais dos estados e municípios” sobre a dengue e como identificá-la e tratá-la.

Os profissionais alertam para essa necessidade, já que o diagnóstico rápido da dengue é fundamental para salvar o infectado. “A morte por dengue é considerada evitável. Têm pessoas que vão às unidades de saúde, são atendidas e, infelizmente, a gravidade do quadro não é percebida. Normalmente a morte indica uma falha do profissional ou da família que demora para levar a pessoa ao hospital”, alertou Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referências da Fiocruz.

FONTE:  CORREIO BRAZILIENSE

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