O perigo está nas larvas do besouro, que se alimentam das larvas das abelhas, do pólen e de todo o material produzido na colmeia
A produção de mel de abelha é um mercado em ascensão em Rondônia, com produção anual de mais de 51 toneladas do produto, segundo registrou, no ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge). Em 2019, ainda segundo o Instituto, o Estado produziu aproximadamente 98 toneladas de mel, o que representou 0,21% da produção nacional.
Dada a importância desse meio de produção, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopasstoril de Rondônia (Idaron) designou um médico veterinário e técnicos da agência central e da unidade local de Porto Velho para inspecionar uma área apícola, com intuito e identificar e combater o besouro das colméias (Aethina tumida); um pequeno inseto que invade as colônias para desovar, causando prejuízos tanto na produção quanto financeiros. O perigo está nas larvas do besouro, que se alimentam das larvas das abelhas, do pólen e de todo o material produzido na colmeia.
O trabalho foi realizado na última semana, depois que um apicultor da região de Candeias do Jamari comunicou a suspeita do besouro na região. Vale salientar que Rondônia nunca registrou ocorrência dessa espécie de inseto, mas, para efeito de prevenção, foi feita a coleta dos besouros e envio ao laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Goiás, para identificação do inseto coleóptero.
“A atividade contemplou a região do Lago de Samuel, em Candeias, onde existem muitos apicultores que migram abelhas para aproveitar a florada na localidade, que é bastante intensa. Como há casos de besouros em alguns meliários, fizemos envio das amostras para que entomologistas façam a identificação taxonômica do inseto, para ter certeza de não se trata do besouro das colmeias”, explicou o técnico da Idaron, Gelcimar dos Santos.
O trabalho foi acompanhado pelo veterinário Moacir dos Santos.
CUIDADOS E FORMA DE PREVENÇÃO
– Faça inspeção cuidadosa e regular das colmeias. Observe atentamente a tampa, os quadros e os favos, assim como as laterais e o fundo da colmeia;
Foram coletadas amostras dos insetos para que entomologistas façam identificação taxonômica
– Evite deixar frestas onde o besouro adulto costuma se esconder e as fêmeas colocarem ovos, ficando fora do alcance das operárias. No caso, os ovos podem virar larvas antes de serem encontrados pelas operárias;
– As fêmeas também costumam colocar ovos nas bordas dos quadros ou dentro das células, mas é difícil de enxergá-los, pois são ainda menores do que os ovos das abelhas. O importante é evitar as frestas que abrigam adultos e ovos;
– Raspar periodicamente o acúmulo de própolis e de cera das molduras dos quadros, paredes e fundo das colmeias que sirvam de abrigo para o besouro; assim as operárias terão maior facilidade para retirar os intrusos. Faça substituição de quadros velhos que contenham pólen estocado e velho;
– Mantenha colônias fortes e com bom comportamento higiênico (comportamento de limpeza), assim aumentam as chances de ovos e larvas do inseto serem eficientemente retirados;
– Respeite o espaço abelha, pois sem ele as operárias não conseguem “patrulhar” eficientemente os favos em buscas de intrusos;
– Mantenha rainhas jovens, com boa postura (de preferência com até um ano de idade);
– Alimente as abelhas com suplementação energética (xarope) e protéica (substituto do pólen), sempre com alimento de origem conhecida e, no caso da alimentação protéica, ofereça quantidade que possa ser consumida em cerca de dois dias (caso contrário se torna um substrato adicional de alimento para o besouro);
– Proceda a extração do mel, após operculado/maduro, o quanto antes e após a extração devolva os quadros para as colmeias o mais rápido possível. Assim evita-se que, caso haja presença de ovos do besouro nos quadros levados para a sala de extração (e sem a presença de abelhas para retirá-los) que os mesmos eclodam, dando origem a larvas que poderão se desenvolver livremente sem a presença das abelhas. Alimento estocado também é atrativo para os besouros adultos;
– Pelo mesmo motivo, fundir a cera dos opérculos e resultante da extração do mel o mais rápido possível;
– Evite captura de enxames na natureza e nunca deixe de fazer quarentena de enxames capturados antes de introduzi-los em seu apiário;
– Nunca introduza abelhas ou rainhas importadas em seu apiário sem certificação sanitária. Para o transporte de abelhas, deve ser emitida a Guia de Trânsito Animal (GTA), o que assegura a procedência e a sanidade das colmeias;
– Utilize material apícola, utensílios em geral, vestimenta, cera, entre outros de origem conhecida; eles podem ser dispersores de doenças;
– Além de inspecionar regularmente seus apiários, monitore-os para a presença do besouro utilizando a armadilha de plástico corrugado;
– Solos com pouca umidade e rígidos dificultam a proliferação do besouro, porém as larvas do besouro, na fase final, quando procuram por local para empupar, podem se deslocar por distâncias de mais de 100 metros;
– Apiários totalmente sombreados e úmidos podem beneficiar a infestação pelo besouro, bem como acúmulo de mato e folhas no entorno das colmeias;
– Colônias fracas por qualquer motivo (orfandade, enxameação, rainha deficiente, pilhagem etc.) devem ser evitadas (proceder a união é recomendável);
– Colmeias abandonadas devem ser rapidamente retiradas do campo para não servirem de abrigo para o besouro, com o agravante de, geralmente, possuírem alimento remanescente.
FONTE: SECOM/RO
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