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Calor intenso deve exercer ‘forte impacto’ sobre alimentos e tarifas de energia

Para especialistas, reflexo de altas temperaturas vai além de majoração de ventiladores ou ares-condicionados

Muito além do ‘aquecimento’ das vendas de ventiladores, ares condicionados ou eletros afins, a elevação, ainda maior, das já altas temperaturas, com a iminente chegada do verão, poderá impactar, de forma contundente, tanto os preços dos alimentos, quanto das tarifas de energia.

No caso específico do ar-condicionado, os efeitos inflacionários do clima ‘tórrido’ logo foram sentidos pela ‘parte mais sensível do corpo do consumidor’, o seu bolso. Somente em outubro último, tais eletrodomésticos já subiram 6,09%, segundo o cálculo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A majoração representou a maior alta do item do ano, só perdendo para igual mês de 2020, em plena pandemia, quando avançou 10,54%.

“Mesmo que estivesse fazendo calor dentro da normalidade para esta época do ano, a venda de ventiladores e ar-condicionado seria grande”, acentua o economista do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), André Braz, ao acrescentar que “todo ano tem isso, mas, neste, pelo fato de o calor ter vindo mais cedo e estar muito intenso, pode ser que tenha provocado uma alteração nesses bens”.

Ao associar as altas temperaturas ao fenômeno climático El Niño, que modifica de maneira dramática o padrão de chuvas do país, Braz prevê que o forte calor poderá alterar substancialmente o preço dos alimentos, notoriamente mais sensíveis ao clima, como verduras, legumes e frutas.

“Essa classe de alimentos sofre mais com alterações climáticas, que são bem próprias desta época do ano, do final da primavera e do começo do verão. Isso não é bom para a oferta desses alimentos”, admitiu o economista da FGV.

Avaliação semelhante apresenta o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale: “O calor traz risco porque tem o impacto que a gente pode ver em hortifrúti quando há excesso de seca ou chuva”, observa, ao admitir um possível atraso na safra de soja, seguida de perda da qualidade dos grãos. “A principal preocupação é daqui para frente”, acentua Vale.

Outra repercussão negativo do clima alterado seria sobre as tarifas de energia, em que a alta demanda poderia implicar o uso adicional de fontes de energia mais caras, como as térmicas – a carvão, diesel e gás – o que implicaria posterior repasse às contas de luz.

“É possível que tenha alguma repercussão [nas tarifas], mas não está garantido que a gente precise fazer sempre o acionamento das térmicas”, ressalta o consultor da FGV Energia, Paulo Cunha. “Não está garantido que a temperatura vai se manter nos níveis atuais durante o verão inteiro”, finaliza.

Apesar de Cunha considerar ‘confortável’ o patamar da energia produzida no país atualmente – tendo em vista o nível atual dos reservatórios de hidrelétricas e do desempenho favorável de fontes renováveis, como a solar e eólica – o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) admite que poderá ser necessário recorrer, como no passado recente, à geração térmica adicional, para atendimento da demanda, em especial, em momentos de pico, em novembro e dezembro de 2023.

FONTE: CAPITALIST

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