Xenofobia em alta e incertezas sobre novas regras após divórcio do Reino Unido da UE faz família de romenos deixar a Inglaterra
Pouco tempo depois do Reino Unido decidir que queria deixar a União Europeia, em 2016, Maria estava grávida da filha mais nova. Foi na sala de espera do médico, em Londres, que ela sofreu a primeira ofensa por ser imigrante e morar na Inglaterra. “Seu lugar não é aqui”, disse uma senhora inglesa
Depois do episódio, Maria e sua família passou a ser alvo de xenofobia. Romena, ela chegou na Inglaterra em 2008 para trabalhar em um asilo. No novo país, desistiu da ideia de só ficar um ano depois de conhecer o marido, também romeno, e decidiu começar uma nova vida e construir uma família
O marido trabalha em uma empresa de mudanças, e agora, vai precisar organizar a mudança da família. Vítima de xenofobia e discriminação, Adi e Maria não acreditam mais que a Inglaterra seja um lugar ideal para criar as filhas
As crianças também foram hostilizadas. Enquanto brincavam em um parquinho, uma mulher acusou as pequenas e a babá de furto. “Depois do Brexit ficou muito claro que nós não éramos bem-vindos aqui”, disse. “Eu não quero que minhas filhas cresçam nesse ambiente”. O maior medo de Maria é ver as meninas sendo vítimas de bullying
Perante o clima de indecisão do Brexit, que foi adiado do dia 29 de março para 22 de maio, a família decidiu que era mais seguro ir embora. Depois de juntar dinheiro necessário para comprar uma casa na Romênia, Maria, o marido e as duas filhas mais novas terão que deixar o país em que moram há 10 anos
Até junho de 2018, cerca de 145 mil pessoas haviam deixado o Reino Unido, um aumento de 18% em comparação com 2017. O número de imigrantes chegando na península também caiu. Enquanto políticos mais liberais dizem estar orgulhoso da pluralidade do Reino Unido, muitos estão indo embora depois de serem hostilizados
O Reino Unido ainda não definiu o que vai acontecer com os imigrantes residindo na região, porém o Governo disse que será necessário um novo visto até o final de 2020 para que eles possam ter garantia os direitos
Apesar disso, imigrantes europeus ainda não se sentem seguros e bem-vindos. Eles são acusados de roubar emprego dos britânicos, lotando hospitais e fazendo o preço da habitação mais caro. Apesar das alegações, a taxa de desemprego no Reino Unido está baixa há quatro décadas, enquanto a quantidade de crimes de ódio cresceu
Maria não acompanha mais as notícias sobre o Brexit. “Eu acho que é uma loucura. Eu não acho que eles querem deixar o Reino Unido. É muito triste que o Brexit está destruindo o Reino Unido”, diz
Enquanto não se mudam do país, a família segue tomada pelas dúvidas. “Nós fomos afetados por essas incertezas. É tanta incerteza e a gente só quer ir para casa”, desabafa
FONTE: R7.COM COM REUTERS
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