— O Brasil é o mais desigual, e isso o relatório traz, quando a gente olha para a renda. Mas o relatório é mais amplo. A desigualdade de renda é o resultado de um conjunto outro de desigualdades. Quando a gente analisa dados regionais, e isso vai ficar mais claro na pesquisa de março de 2020, no Atlas. A gente tem verdadeiras Noruegas no Brasil. A Noruega é o país com o melhor desempenho no IDH e dentro do Brasil temos verdadeiras ilhas de prosperidade. Mas temos uma realidade muito díspare.

O relatório também alerta para pontos futuros: o desenvolvimento humano dos países irá depender de como irão lidar com os impactos das mudanças climáticas e das mudanças tecnológicas, especialmente no mercado de trabalho.

Crescimento do Brasil

Em 28 anos, entre 1990 e 2018, o IDH brasileiro cresceu 24%, acima da média global, de 22%, o que mostra o efeito de políticas públicas, como investimentos em educação, o SUS e os programas de transferência de renda. No período, a esperança de vida ao nascer no Brasil cresceu 9,4 anos (ou 26%) e a média de anos de estudo aumentou em 4 anos, mais do que dobrou (105% de aumento). Já o Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita cresceu cerca de 39,5% entre 1990 e 2018.

Brasil e Brics

Quando analisados os Brics, grupo que reúne Brasil, China, Índia e África do Sul, apenas a Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil, de 0,824. China, África do Sul e Índia aparecem no ranking na sequência, com índices de 0,758, 0,705 e 0,647, respectivamente. Na esperança de vida ao nascer, somente a China tem um dado mais alto, com 76,7 anos contra 75,7 do Brasil.

O Brasil tem o segundo melhor indicador do grupo em termos de anos esperados de escolaridade (15,4 anos), ficando atrás apenas da Rússia (15,5 anos).

IDH ajustado à desigualdade

A partir de 2010, o Pnud passou a calcular o índice de desenvolvimento dos países também com um ajuste à desigualdade (IDHAD), por entender que as médias não retratam fielmente a situação dos países desiguais. Ao considerar a desigualdade, o Brasil é o País que mais cai no ranking de desenvolvimento humano. O País cai quase 25% ou 23 posições e tem o seu IDHAD de 0,574, saindo, portanto, do rol de países com alto desenvolvimento humano.

De acordo com o índice, os 10% mais ricos do Brasil concentram 41,9% da renda total do país, e a parcela dos 1% muito ricos concentram 28,3% da renda. Esta é a segunda maior concentração de renda do mundo, sendo que o Qatar ocupa a primeira, com 1% dos mais ricos com um terço da renda (29%).