Tribunal considerou demasiado o risco para saúde pública, caso dezenas de milhares de opositores das medidas contra a covid-19 tomassem as ruas da capital alemã. Principal organizador é grupo sob vigilância estatal.
As autoridades berlinenses proibiram dezenas de milhares de opositores das medidas de combate à covid-19 de irem às ruas neste fim de semana (31/07-01/08). Juízes do Tribunal Administrativo da capital da Alemanha se recusaram a autorizar 13 manifestações neste sábado, para as quais estavam registrados 22.500 participantes, segundo os organizadores.
A justificativa foi que o risco para a saúde pública seria elevado demais, já que os eventos poderiam causar um acréscimo das infecções com a variante delta do vírus Sars-Cov-2, considerada mais contagiosa e violenta.
Uma passeata separada, planejada para o domingo sob o slogan “Pela paz, liberdade, verdade” e reunindo 3.500 manifestantes, foi igualmente interditada. Alguns dos eventos eram promovidas pelo movimento negacionista Querdenken, outros em apoio às casas noturnas de Berlim.
Segundo um porta-voz da polícia, a interdição afeta todos os protestos “cujos participantes sistematicamente não obedecem os regulamentos legais, especificamente de proteção contra contágios”, recusando-se, por exemplo, a usar máscaras sanitárias. O órgão de segurança teme que, ainda assim, muitos inimigos das medidas antipandemia viajarão até Berlim.
“Pensadores laterais” ativos, apesar de vigilância estatal
O Querdenken 711 (“pensamento lateral”, seguido do prefixo telefônico de Stuttgart, onde o grupo se formou) tem liderado a oposição às medidas antipandemia na Alemanha, e atualmente se encontra sob vigilância estatal.
Em seu website, ele se anuncia como “democrata”, tendo como meta principal proteger os direitos assegurados na Lei Fundamental (Constituição alemã), em especial as liberdades de opinião, expressão e reunião. No entanto, estão comprovados seus contatos transversais com grupos de extrema direita.
Adeptos do movimento e de suas ramificações têm protestado nos últimos meses, em diversas cidades, contra as restrições governamentais para combate ao novo coronavírus, sendo responsáveis por organizar algumas das maiores manifestações anti-lockdown.
O fundador do movimento é o empreendedor Michael Ballweg, baseado em Stuttgart. Ele afirma que extremismo, violência, antissemitismo e ideologia desumana estariam tão deslocados no Querdenken quanto os símbolos de tais formas de pensar: “Somos um movimento pacífico, e não um partido político.”
No entanto, diversos protestos organizados por seu grupo desembocaram em violência entre os manifestantes, envolvendo até detonações de explosivos caseiros. Em diversas cidades, as forças de segurança recorreram a canhões d’água para impedir uma escalada.
Além disso, nos eventos do Querdenken tem sido regularmente avistados simbolos neonazistas e de outros grupos de extrema direita. Ballweg esteve, ainda, envolvido em episódios questionáveis, como a aparição em vídeoclipes ao lado do ex-jornalista e ativista Martin Lejeune, acusado de antissemitismo e negação do Holocausto.
FONTE: DEUTCHE WELLE
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