Trevante Rhodes, que interpreta o boxeador, ficou conhecido por um papel muito mais delicado, o de Chiron no oscarizado “Moonlight” (2016)
Trevante Rhodes, 32, é sucinto ao responder se está preocupado com a reação de Mike Tyson, 56, ao vê-lo interpretando sua história nas telas. “Nem”, diz o ator durante evento da associação americana de críticos de TV (TCA, na sigla em inglês), que a Folha de S.Paulo acompanhou.
Melhor para ele, já que o ex-boxeador, um dos mais importantes da história do esporte, já declarou publicamente estar descontente com a produção da minissérie biográfica “Mike: Além de Tyson”, que chega ao Brasil pelo serviço de streaming Star+ na próxima quinta-feira (25). “Eles roubaram a minha história e não me pagaram”, escreveu nas redes sociais.
“Os direitos sobre a história dele já tinham sido vendidos, então a gente nem poderia ter tentado comprar”, afirma o criador da série, Steven Rogers. “Essa possibilidade nunca esteve na mesa. Então, eu só espero que ele assista e possa mudar de opinião.”
“Como autor, eu não posso me fiar apenas de uma fonte, tento ouvir diversas opiniões e, aí sim, levantar uma história a partir de tudo o que ouvi”, explica. “Não gosto de precisar ficar em dívida com uma só pessoa, acho que conseguimos melhores histórias assim.”
Rhodes, que também é produtor executivo da série, concorda com essa interpretação. “Do ponto de vista criativo, é melhor se distanciar o máximo possível do seu objeto”, afirma.
O ator ficou conhecido por um papel muito mais delicado, o de Chiron no oscarizado “Moonlight” (2016), mas tem recebido boas críticas pela interpretação do pugilista, conhecido pela agressividade no ringue e pela vida pessoal agitada. “Para mim, é um processo espiritual chegar a esse espaço”, diz.
“Eu uso muito o roteiro para navegar pela história que estamos tentando contar, mas você faz o que for preciso para chegar a esse lugar”, explica. “Acho que fiz uma junção de tudo isso.”
Apesar de também ter sido atleta (ele ganhou uma medalha de ouro no revezamento 4×100 nos Jogos Pan-Americanos Júnior de 2009), ele diz que não era exatamente fã de Mike Tyson. “Pelo menos não tanto quanto sou agora”, admite.
“Tem certas pessoas nas quais você procura energia para entender como caminhar pela vida, ele era uma espécie de espírito animal que eu usava, especificamente nos esportes, assim como o Michael Jordan e outros caras assim, para progredir”, lembra.
O ator treinou com um técnico de verdade para poder reproduzir em cena alguns dos golpes de seu retratado, mas diz que o mais importante foi entender quem era Mike Tyson e o que o boxe significava para ele. “Ele tem uma presença pública muito marcante e mostrou muitos pequenos pedaços dele próprio ao longo da vida, então é uma refeição saborosa para colocar na boca”, compara.
A showrunner da série, Karin Gist, conta que a escolha pelo ator foi fácil. “A audição dele foi uma das melhores que já vi”, elogia. “Era só um close na cara dele, lendo o monólogo inicial do primeiro episódio. E isso já era tão transformador. Não tinha mais nada em volta dele, era só o espírito, falando através dele e de sua atuação.”
Rogers lembra que o papel exigia um ator versátil. “A história vai dos 18 até a meia-idade, cobrindo tudo o que há nesse meio”, adianta. Ele também elogia o ator Russell Hornsby, que na série interpreta Don King, empresário do boxeador e figura controversa pelo suposto envolvimento com a máfia e diversos crimes.
“Eu tentei entender Don como homem, como ser humano”, conta Hornsby. “Fui ver o histórico dele, tentar entender a mente dele, o que ele pensava e o que o levou a querer se tornar um empresário do boxe. Eu fui procurar que táticas ele usava e percebi a inteligência dele como um homem preto que superou tudo, como ele fez para chegar onde chegou.”
FONTE: FOLHAPRESS
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