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Ato pelo 2º referendo do Brexit espera 500 mil hoje em Londres

Organizadores esperam reunir mais de 500 mil pessoas neste sábado; petição por novo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia já tem mais de 4 milhões de assinaturas.

Uma manifestação para pedir um segundo referendo sobre o Brexit está marcada para acontecer em Londres neste sábado (23), e seus organizadores esperam que o número de participantes supere o do evento de outubro do ano passado, que reuniu cerca de 500 mil pessoas.

Segundo organizadores da campanha People’s Vote, pelo menos 200 ônibus estão reservados para transportar pessoas de diversos pontos do Reino Unido até a capital inglesa. Escoceses partiram já na noite de sexta-feira, e na madrugada de sábado outros veículos deixaram a região de Cornwall.

Ativistas anti-Brexit posam do lado de fora do Conselho Europeu, em Bruxelas, durante reunião sobre o Brexit, na quinta-feira (21) — Foto: AP Photo/Frank Augstein

Veja em que pé está o processo do Brexit:

  • O Parlamento britânico não aprovou o acordo que Theresa May fechou com a UE sobre como será a saída do Reino Unido do bloco.
  • A União Europeia concedeu um adiamento da saída de 29 de março para 22 de maio caso o Parlamento britânico aprove o acordo de May.
  • Se o acordo não for aprovado, a data passa a ser 12 de abril.
  • Pode haver uma renegociação de prazo se o Reino Unido concordar em participar das eleições do Parlamento Europeu.

James McGrory, diretor da campanha, disse que locais em que houve uma grande votação para que o Reino Unido deixasse a União Europeia terão participação expressiva na manifestação, demonstrando a mudança de opinião que ele afirma ter atingido uma enorme parcela de eleitores.

A manifestação terá início ao meio-dia, em Park Lane, perto do Marble Arch, e inclui uma marcha até a Parliament Square, onde estão previstos discursos de membros de todos os partidos. Telões serão instalados na Trafalgar Square para transmitir as falas.

Outro grupo anti-Brexit, o Another Europe is Possible, também convocou um comício para as 11h, em Stanhope Gate, com discursos de parlamentares do Partido Trabalhista.

Petição

Uma petição criada no site do Parlamento britânico pedindo a realização de um novo referendo já atingiu mais de 4 milhões de assinaturas, sendo 2,5 milhões em menos de 24 horas.

O site chegou a ficar fora do ar por excesso de tráfego naquele dia, quando a primeira-ministra Theresa May fez um pronunciamento na TV depois de enviar uma carta à União Europeia pedindo um adiamento do Brexit até 30 de junho. Na última quarta-feira, May pediu que os parlamentares apoiem seu projeto de acordo.

Ao ser questionada por jornalistas sobre a petição, a primeira-ministra manteve sua posição contrária à realização de um novo referendo, dizendo que isso seria uma “traição ao resultado” da primeira votação, realizada em junho de 2016. Na ocasião, a saída da União Europeia foi aprovada por 51,9% dos eleitores, uma diferença de pouco mais de 1,2 milhão de votos.

Carta e acordo

Na sexta, May enviou aos parlamentares uma carta, tentando amenizar o mal-estar criado por seu pronunciamento na TV dois dias antes. Na ocasião, ela atribuiu a eles o fato de ainda não haver um acordo sobre como o Reino Unido deve deixar a União Europeia e os pressionou a votar a favor de seu projeto, sob o risco de o país ter que sair do bloco sem negociações.

“Expressei minha frustração com nossa incapacidade de tomar uma decisão, mas sei que muitos de vocês estão frustrados também. Vocês têm um trabalho difícil a fazer e não era minha intenção fazer com que seja mais difícil. As pessoas em todos os lados do debate têm opiniões apaixonadas e respeito essas diferenças. Eu gostaria de agradecer a todos os colegas que apoiaram o acordo até agora e também aqueles que tiveram tempo para se reunir comigo e discutir suas preocupações”, escreveu.

Manifestante anti-Brexit segura placa com a inscrição ‘não vou embora’ em frente ao Parlamento, em Londres, no dia 20 de março — Foto: Reuters/Hannah McKay

Na carta, Theresa May também se mostrou disposta a não apresentar mais sua proposta de acordo para votação, caso fique claro que esta não tem apoio suficiente para aprovação.

A primeira-ministra ressaltou que, se for este o caso, está disposta a aceitar que o Reino Unido participe das eleições do Parlamento Europeu, uma condição que poderia garantir uma nova extensão no prazo do Brexit.

Parlamento britânico vota adiamento do Brexit, em 14 de março — Foto: Reuters TV via Reuters

O acordo proposto por May – com o qual a União Europeia concordou em novembro de 2018 – já foi rejeitado pelo Parlamento britânico duas vezes: em 15 de janeiro, por 432 votos contra e 202 a favor – a maior derrota do governo na história moderna – e em 12 de março, por 391 votos contra e 242 a favor.

E, embora a UE diga que este é o único acordo que irá aceitar e que não irá discutir outro, o presidente da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico, John Bercow, disse que os ministros não poderiam apresentar novamente a mesma proposta.

Adiamento

Na quinta-feira, o Conselho Europeu concordou em ampliar o prazo para que o Reino Unido deixe a União Europeia, previsto inicialmente para 29 de março. O Conselho decidiu que, caso o acordo de May seja aprovado pelo Parlamento britânico na próxima semana, a nova data será 22 de maio.

Líderes da União Europeia participam de reunião no Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, para discutir uma extensão do prazo do Brexit, na quinta-feira (21) — Foto: Aris Oikonomou, Pool Photo via AP

Se essa aprovação não acontecer, o prazo será antecipado para 12 de abril, e a União Europeia “espera que o Reino Unido indique um caminho a seguir antes desta data para apreciação do Conselho Europeu”.

Na prática, isso está diretamente relacionado ao calendário das eleições do Parlamento Europeu: a votação acontece no dia 23 de maio, e o Reino Unido precisa comunicar até 12 de abril se irá participar ou não. Se decidir participar, é possível inclusive que uma nova negociação sobre o Brexit seja aberta e outra extensão maior seja concedida.

May havia afirmado anteriormente que não fazia sentido o Reino Unido estar nessas eleições, já que irá se desligar da UE, e que tomar parte seria um processo “amargo e divisório” para o país. Após a decisão do Conselho na quinta, entretanto, ela parece ter cedido e já cogita aceitar essa condição, se necessário, como forma de evitar um Brexit sem acordo.

FONTE: G1.COM

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Marcio Martins martins

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