Numa ação considerada uma das mais sangrentas dos últimos anos no Paquistão, um comando talibã invadiu uma Escola Pública do Exército, em Peshawar, principal cidade do Noroeste do país, provocando explosões e disparando indiscriminadamente. O ataque, que durou mais de oito horas, terminou com 141 vítimas, além de sete extremistas mortos, de acordo com as autoridades. O caso foi considerado uma tragédia nacional pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif.
Segundo o general Asim Salim, entre os mortos estão 132 alunos e nove funcionários da escola, localizada em uma área de classe média alta. Todos os extremistas vestiam coletes suicida, e vários soldados das forças especiais ficaram feridos nos combates.
Cerca de 960 estudantes foram resgatados.
Muitos alunos, com idades entre 12 e 16 anos, foram executados com tiros na cabeça, segundo o ministro da Informação da província, Mushtaq Ghani. Terroristas caminhavam entre bancos e mesas para se certificarem de que os estudantes estavam mortos. Após o ataque, o chefe do Exército, Raheel Sharif, prometeu lutar até que todos os terroristas sejam completamente eliminados do Paquistão.
— Este medonho ato covarde de matar inocentes indica claramente que eles (militantes) não são apenas inimigos do Paquistão, mas inimigos da humanidade — afirmou Sharif.
Os militantes entraram na escola vestidos com uniforme militar e tinham ordem para matar somente os mais velhos, mas aparentemente não foi o que ocorreu. O premier paquistanês, Nawaz Sharif, declarou três dias de luto em todo o país.
— Estes são os meus filhos, e é uma perda minha — afirmou ele, que viajou a Peshawar. — Ao menos que este país seja purificado do terrorismo, esta guerra e esforço não vão parar. Conversamos com o Afeganistão sobre isso e vamos lutar contra o terrorismo juntos.
O ataque foi condenado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que classificou a ação dos talibãs de “odiosa”, e também pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
“Tomando como alvo estudantes e professores neste ataque hediondo, os terroristas mostraram novamente sua depravação”, declarou Obama em um comunicado, destacando o compromisso dos Estados Unidos com o governo paquistanês para combater o terrorismo e o extremismo e promover a paz e a estabilidade na região.
TALIBÃ: ‘QUEREMOS QUE ELES SINTAM DOR’
O ataque, reivindicado pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), principal grupo islamita do país, é muito significativo por ter tido como alvo filhos de membros do Exército.
De acordo com um porta-voz do grupo, o atentado foi planejado em vingança a operações militares. Centenas de extremistas foram mortos em uma ofensiva militar recente na região de Waziristão, no Noroeste paquistanês, e nas proximidades de Khyber.
— Nós escolhemos a escola do Exército para o ataque porque o governo tem como alvo as nossas famílias e mulheres — disse o porta-voz talibã Muhammad Umar Khorasani. — Queremos que eles sintam dor.
Mais cedo, um trabalhador da escola e um estudante entrevistados pela emissora local Geo TV relataram que os militantes invadiram o auditório da Escola Pública do Exército, onde uma equipe militar realizava treinamento de primeiros socorros com os alunos.
— Eu vi seis ou sete pessoas que andaram de sala em sala atirando nas crianças — disse Mudassar Abbas, assistente do laboratório da instituição.
Um estudante que sobreviveu ao ataque afirmou que os soldados entraram na escola para resgatar os alunos durante um momento de pausa entre os tiros.
— Quando estávamos saindo da sala, vimos vários corpos de nossos amigos nos corredores. Estavam sangrando. Alguns receberam três ou quatro tiros — disse a testemunha.
Fonte: O GLOBO
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