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Arthur do Val é cassado e fica inelegível por oito anos

Por unanimidade, Assembleia Legislativa de São Paulo aprova cassação e perda dos direitos políticos de “Mamãe Falei”, após escândalo de áudios sexistas sobre refugiadas ucranianas.

Os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) votaram nesta terça-feira (17/05) pela cassação e perda dos direitos políticos de Arthur do Val, o “Mamãe Falei”.

A decisão foi unânime: dos 94 parlamentares da Casa, 73 votaram, todos a favor da cassação. Eram necessários ao menos 48 votos para que a ação fosse aprovada. Com isso, Do Val perde seus direitos políticos e fica inelegível por oito anos.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp abriu o processo disciplinar contra o então deputado estadual em março, após o vazamento de áudios sexistas sobre refugiadas ucranianas durante uma viagem de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) à Ucrânia.

Nos áudios trocados com amigos em um grupo de conversas, Do Val diz que “as ucranianas são fáceis porque são pobres”, entre outras falas que geraram indignação.

Em meio ao escândalo, ele retirou sua candidatura ao governo paulista, foi desfiliado de seu antigo partido, o Podemos, e se licenciou do MBL. Menos de um mês depois, ainda em março, filiou-se ao União Brasil (fusão entre Democratas e PSL).

Em 20 de abril, Do Val renunciou ao mandato. A defesa dele esperava que a renúncia evitasse que o processo fosse votado em plenário, o que não aconteceu. Em 27 de abril, a Procuradoria da Alesp rejeitou o argumento da defesa e emitiu parecer pela continuidade da ação.

Após o fim da votação nesta terça-feira, o presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), disse esperar que a cassação se torne um exemplo. “Eu fico muito triste, no ano que estamos, no estado que estamos, de ouvir ainda sobre machismo, assédio. Eu espero que nós possamos, na Assembleia Legislativa de São Paulo, dar um grande exemplo de que aqui isso não vai acontecer”, afirmou.

Viagem à Ucrânia

Arthur do Val e o coordenador do MBL, Renan Santos, foram à Ucrânia em março com a justificativa de que ajudariam a resistência ucraniana durante a guerra travada pela Rússia no país.  Lá, o então deputado comentou sobre a viagem em um grupo no Whatsapp que, segundo ele, reunia “amigos do futebol”. Os áudios acabaram vazando.

“Acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas, irmão. Imagina uma fila de sei lá, de 200 metros ou mais, só deusa. […] Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, dizia ele nos áudios.

“São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’. É inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo você dá bom dia e ela ia cuspir na sua cara, e aqui são super simpáticas.”

Após a polêmica, Do Val admitiu a autoria dos áudios e pediu desculpas por suas falas. Ainda assim, alegou ser vítima de um “processo injusto e arbitrário dentro da Alesp”. Ele é o primeiro deputado cassado pelo Legislativo de São Paulo em 23 anos, após Hanna Garib, em 1999.

FONTE: DEUTCHE WELLE BRASIL

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