O debate promovido pela Band, na noite de sexta-feira entre os candidatos dr Hildon (PSDB), vencedor do primeiro turno das eleições, e o deputado Leo Morais (PTB) serviu, sobretudo, para marcar o enorme fosso de diferença entre os dois. Nem é tanto pela idade, embora quando Leo Morais nascia lá no Paraná, na fronteiriça Foz do Iguaçu, o pernambucano Hildon Chaves já demonstrava vocação para a política, iniciando-se como liderança nos movimentos estudantis.
O que sobressaiu foi a diferença de percepção sobre o que fazer no comando de uma prefeitura. Enquanto que dr Hildon defendia com muita convicção práticas modernas de gestão pública, como a formação de Parcerias Públicas Privadas para a realização de serviços como a implantação do serviço de esgoto sanitário, ampliação da rede de água tratada e para iluminação pública, Leo Morais insistia em recuperação da Caerd, empresa cinquentenária que há cerca de duas décadas se vê as voltas com o fantasma da insolvência, incapaz hoje de resolver pequenos problemas de vazamentos nos canos pelos quatro cantos da cidade.
A visão moderna e futurista do candidato dr Hildon contrastava a todo tempo com o pensamento atávico do candidato Leo Morais, preso às convenções burocráticas da velha prática política. Mais um exemplo clássico entre os dois, foi no debate sobre a viabilização de creches. De um lado, o dr Hildon acelerando soluções, defendeu oferecimento imediato desse serviço às mães que precisam trabalhar, mas não tem onde e nem com quem deixar seus filhos pequenos, seja por meio de adaptação de prédios, aluguéis, etc, até que sejam construídas novas unidades.
De outro, a visão burocrata, dificultando soluções, ao ver apenas problemas. Leo reclamou que o município não dispõe de terrenos ociosos e legalizados para a construção. Para ele atender essas centenas de mães, teria, primeiro, que desapropriar terrenos, indenizar os proprietários, ou então, ir ao governo federal, pedir áreas públicas federais, legaliza-las, licita-las e só então começar a construir, ou seja, uma não solução burocrática que consumiria um mandato praticamente todo.
Outra gritante diferença é a de estilos. Enquanto que o dr Hildon mostrava-se seguro e compenetrado nas questões a serem debatidas, Leo Moraes, claramente ansioso, demonstrando insegurança, partia o tempo todo para o ataque. Dr Hildon acenava com a paz, Leo Moraes respondia com artilharia pesada. Tanto que, se viu obrigado a ceder um direito de resposta ao fazer ilações sobre a saída do promotor Hildon Chaves do Ministério Público.
Com um documento da Corregedoria Geral do MP em mãos, embora não pudesse ser exibido pelas regras do debate, dr Hildon provou que pediu exoneração no dia 26 de agosto de 2013, após 21 anos de serviço, sem que tivesse respondido a nenhum processo administrativo e disciplinar.
No tema sobre política de geração de oportunidades econômicas para a cidade, dr Hildon externou sua confiança no sucesso do agronegócio, por meio do projeto de construção de uma central de abastecimentos nos moldes das ceasas existentes em todo o país. Já Leo Moraes defendeu unicamente o fomento à agricultura familiar por meio de política assistencialista, aquela que alimenta apenas o pequeno agricultor, discordando da visão estratégica do candidato tucano de transformar Porto Velho no mais importante entreposto de abastecimento de alimentos para toda a região, com ênfase para Manaus, um mercado de dois milhões de consumidores, ou quase quatro vezes a população portovelhense.
Mas não foram apenas os arroubos que marcaram a participação do candidato do PTB. Também foi hilário e contribuiu para o bom humor em alguns momentos, como o em que, após discorrer sobre as escolas que estudou quando criança, todas da mais alta elite portovelhense, saiu-se com essa: “eu tenho o cheiro do povo”. Risada geral. Por fim, Sem nunca ter posto os pés numa unidade de saúde pública na condição de paciente, incluiu-se entre os que padecem pelo deficiente serviço oferecido nas unidades de saúde do município.
Autor : Walbran Júnior
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