Em sua primeira visita a Israel como chefe do governo alemão, Olaf Scholz também afirma ser necessário fechar acordo nuclear com o Irã — apesar da oposição de Jerusalém.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, iniciou nesta quarta-feira (02/03) sua primeira visita a Jerusalém como chefe de governo em meio à invasão russa da Ucrânia e aos esforços internacionais em busca de um acordo nuclear com o Irã.
Durante visita ao memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, Scholz e o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, ressaltaram o compromisso de ambos com os esforços para garantir a continuação das negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
A visita de Scholz já estava agendada antes do início dos combates na Ucrânia, que entraram em seu sétimo dia.
Scholz reiterou que a oportunidade de visitar Israel é particularmente importante para ele. “Apesar da situação atual do mundo, decidi fazer esta visita agora e foi a coisa certa a fazer”, disse.
Compromisso alemão com Israel
O chefe de governo alemão reafirmou o compromisso histórico de Berlim com a segurança de Israel, dizendo que as responsabilidades alemãs ficam ainda mais claras para ele ao visitar o memorial do Holocausto em Israel, Yad Vashem. “Você pode ter certeza. A Alemanha continuará firme ao lado de Israel.”
O chanceler federal também disse que os dois países estão dispostos a cooperar pela continuação das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. “As notícias que chegam da Ucrânia neste momento são terríveis. Estamos seriamente preocupados com a forma como esse conflito vai se desenvolver, e é por isso que precisamos fazer todo o possível para tentar mudar essa situação”, ressaltou.
Ele voltou a apelar para que a Rússia cesse imediatamente todas as hostilidades. “Os ataques à infraestrutura civil e aos civis devem parar”, enfatizou.
O líder alemão se mostrou otimista com a continuidade das conversas e reiterou que nem a Alemanha nem os países da Otan planejam intervir militarmente no conflito, embora tenha destacado que a estratégia de sanções contra a Rússia já começa a fazer efeito.
Bennett disse que é dever de Israel “fazer tudo o que pudermos para acabar com o derramamento de sangue”.
“Não é tarde demais”, ele sublinhou, acrescentando, no entanto, que, dada a experiência de guerra de Israel, “infelizmente, a situação pode ficar muito pior”.
Acordo com Irã
O chanceler federal alemão abordou ainda a questão de um novo acordo nuclear com o Irã – que enfrenta forte oposição de Israel –, dizendo que ele “não pode mais ser adiado”.
“Agora é a hora de tomar uma decisão”, disse Scholz a repórteres sobre as negociações na capital da Áustria. “Isso não deve ser adiado por mais tempo.”
A visita de Scholz a Israel coincide com negociações em Viena para uma possível acordo para interromper o programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais contra Teerã. O acordo original de 2015 entrou em colapso quando o então presidente americano Donald Trump se retirou unilateralmente do pacto.
Representantes de Reino Unido, China, França, Alemanha, Irã e Rússia negociam atualmente na capital austríaca uma retomada do acordo, enquanto os EUA participam indiretamente.
Bennett disse que Israel está acompanhando as negociações em Viena com preocupação. E afirmou que Israel não permitirá que o Irã ganhe status de país com armas nucleares.
Diferenças sobre a Ucrânia
Tanto Scholz como Bennett são relativamente novos no cargo e substituíram antecessores que ficaram na chefia de governo por um longo tempo: Angela Merkel e Benjamin Netanyahu, respectivamente.
Eles adotam abordagens distintas em relação aos eventos na Ucrânia. Desde que a Rússia lançou sua invasão na semana passada, o governo de coalizão de Scholz mudou sua política de não enviar armas para zonas de conflito.
Também interrompeu o projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha e se comprometeu a gastar anualmente mais de 2% do PIB alemão em defesa.
Já Israel adotou uma abordagem mais cautelosa, destacando suas relações amistosas com Kiev e Moscou. Por causa disso, Bennett chegou a ser mencionado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, como um possível mediador para o conflito.
A agenda de Scholz a visita a Israel também inclui um encontro com o ministro do Exterior de Israel, Yair Lapid, e uma visita ao Parlamento israelense, a Knesset.
FONTE: AFP COM AP E DEUTCHE WELLE
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