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EUA coletam dados de celulares a partir de dispositivo instalado em aviões comerciais

Departamento de Justiça dos Estados Unidos recolhe dados de milhares de telefones celulares por meio de dispositivos instalados em aviões comerciais que simulam torres de telefonia celular, numa caça de alta tecnologia a suspeitos de crimes que está afetando um grande número de americanos inocentes, revelou o jornal “Wall Street Journal” na quinta-feira, citando fontes familiarizadas com o assunto.

O programa da agência Marshals Service, que entrou totalmente em vigor por volta de 2007, opera em aeronaves da companhia Cessna em pelo menos cinco aeroportos, com um alcance de voo cobrindo a maior parte da população dos Estados Unidos.

Os aviões estão equipados com dispositivos — conhecidos como “dirtboxes” — que permitem a investigadores a captação de dados de dezenas de milhares de telefones celulares em um único voo, coletando informações de identificação e localização. O dispositivo faz com que os telefones que detectam o sinal da torre envie suas informações de registro único. Mesmo tendo criptografia em um telefone, como o iPhone 6, a intercepção não é impedida, segundo as fontes.

A tecnologia tem o objetivo de localizar celulares que tenham ligação com indivíduos sob investigação por parte do governo, incluindo fugitivos e traficantes de drogas, mas acaba coletando informações de celulares pertencentes a pessoas que não são suspeitas de crimes.

O dispositivo pode interromper brevemente chamadas em alguns telefones. Autoridades tentam minimizar o potencial de dano, incluindo a modificação do software para garantir que a torre falsa não interrompa ligações para telefones de emergência, como o 911.

Um funcionário do Departamento de Justiça não confirmou e nem negou a existência do programa, mas disse que as agências do órgão estão em conformidade com a lei federal, inclusive, buscando a aprovação do tribunal.

— É imperdoável e é provável que (os juízes) não tenham ideia da dimensão (do programa) — criticou Christopher Soghoian, chefe de tecnologia da American Civil Liberties Union, uma organização de defesa dos direitos e liberdades individuais.

O programa é o mais recente exemplo da extensão dos programas de vigilância dos EUA dentro do próprio país, destacou o “WSJ”. Segundo o jornal, este é o sistema de tecnologia mais sofisticado conhecido até o momento para questões de segurança.

Até agora, a caça de rastros digitais era limitada a dispositivos transportados em automóveis. Grupos de liberdades civis já entraram com processos para obter informações sobre o uso dos equipamentos, alguns deles chamado Stingrays, pelo Federal Bureau of Investigation.

Fonte: O GLOBO

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Gomes Oliveira

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