Um novo relatório do Ministério Público Federal (MPF) aponta que eram de fachada três empresas que receberam R$ 1,17 milhão do esquema montado pelo doleiro Alberto Youssef para desviar dinheiro da Petrobras. O laudo ficou pronto na terça-feira e foi anexado a um dos processos da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. Para os investigadores, a informação é importante por reforçar a amplitude do esquema de corrupção montado por Youssef e pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O caso está perto de ser julgado. O juiz Sérgio Moro pediu ontem pressa nas últimas diligências do processo para que o Ministério Público e a defesa apresentem as alegações finais antes da decisão judicial.
O Relatório n° 95/14 da Secretaria de Pesquisa e Análise (SPEA), da Procuradoria-Geral da República (PGR), analisou planilha apreendida nos escritórios de Youssef que mostram pagamentos a várias empresas atribuídos ao Consórcio CNEC Camargo Corrêa por meio da fornecedora de tubos Sanko Sider. O consórcio é responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O foco do relatório foi analisar pagamentos de R$ 1,17 milhão para as firmas RDC Trading, Four Factoring e Techno System. Apesar da afirmação dos analistas da PGR, a Sanko e a Camargo Corrêa negaram ter feito os pagamentos.
A Four Factoring e Techno estavam inativas, segundo a SPEA. Por isso, não foram localizadas notas fiscais para justificar os repasses de dinheiro mencionados na planilha do doleiro. Os endereços apontados como sede das empresas são residenciais. Nos telefones indicados pelas firmas à Receita Federal, o Correio localizou uma clínica de estética em São Bernardo do Campo (SP), um escritório de engenharia em Belo Horizonte e um aviso de desligamento. As três empresas “apresentam indícios de que não existiam de fato”, diz o analista contábil Jônatas Sallaberry.
A denúncia do Ministério Público se baseia nos repasses da Sanko para a MO Consultoria — empresa que faria um elo no esquema de Youssef com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conforme denunciado pelo Correio em abril.
Fonte: Correio Braziliense
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