Donas da casa não alcançam objetivo de chegar na decisão, mas Mundial pode servir de divisor de águas para relação do país com o futebol feminino. Conexão foi forte nas últimas semanas
A técnica francesa não quis ponderar ao ser questionada. Apesar de elogiar a garra de sua equipe até o apito final, Corinne Diacre reconheceu que a eliminação nas quartas de final, mesmo diante do forte time dos Estados Unidos, foi um fracasso.
Jogando em casa e sob forte envolvimento do país, a França estava entre as favoritas e almejava no mínimo chegar na decisão.
– Sim, foi um fracasso em se tratando de futebol. Não podemos nos esconder disso. Ficamos longe do que era nosso objetivo. Espero que a gente tenha ganho outra coisa esta noite e ao longo do torneio, o coração das pessoas – disse a treinadora.
A declaração de Corinne Diacre, de certa forma, foi cirúrgica. Apesar da frustração, as francesas deixaram o campo do Parc des Princes sob aplausos e conseguiram uma mobilização do país nunca antes vivida em se tratando de futebol feminino. Um legado que certamente ajudará a colher ainda mais frutos no futuro .
A França já desenvolveu base e tem um futebol feminino de alto nível – com uma liga forte, liderada pelo Lyon – seis vezes campeão da Europa. As últimas semanas impulsionaram ainda mais um trabalho já em andamento. Desde a goleada na estreia – que arrancou lágrimas de emoção de atletas – até a decepção desta sexta-feira.
Copa conectou seleção e país
Os franceses abraçaram a seleção. E não há nenhum tipo de justificativa barata para explicar essa aproximação (a equipe masculina vai muito bem, é atual campeã mundial). A ligação foi referendada pela força do time, pelo sucesso das atletas nos clubes e pela aproximação criada.
Nos jogos da seleção da casa, estavam lá as camisas com o nome de suas atletas: Amandine Henry, Eugenie Le Sommer, Wendie Renard… A França agora reconhece e valoriza cada uma delas. E isso é uma vitória tão simbólica quanto uma vaga em uma semifinal.
A eliminação diante dos Estados Unidos acabou trazendo outra perda para a seleção francesa. Com a derrota, não jogará a Olimpíada do ano que vem, em Tóquio. Isso porque, de acordo com o critério de classificação, a vaga no torneio fica com os três melhores europeus na Copa do Mundo. A Inglaterra enfrentará as americanas, e a outra semi será entre os vencedores dos confrontos Itália x Holanda e Alemanha x Suécia.
– A Olimpíada, de fato, era um segundo objetivo – disse a treinadora.
Apesar do duro golpe, a expectativa na França é de que o trabalho de Corinne Diacre seja mantido. No entanto, a maior esperança é de que o clima criado em torno do futebol feminino permaneça. Que o simbolismo da bandeira de ”Marianne”, figura de uma mulher que se tornou representação da revolução e da república francesa e seus ideais de liberdade, levada pela torcida no jogo desta sexta, não seja esquecida.
– Espero que a gente continue fazendo algo a mais pelo futebol feminino. Apesar de tudo, chegamos perto. E há anos não via os Estados Unidos jogar com cinco atletas recuadas no fim do jogo – disse a comandante do selecionado francês.
As atletas francesas deixaram o Parc de Princes entre lágrimas e aplausos. Seguirão como uma das forças do futebol feminino mundial. E, apesar da eliminação, seguem de exemplo de um trabalho profissional à longo prazo.
As outras semifinalistas do torneio serão definidas neste sábado. O duelo entre Inglaterra e Estados Unidos está marcado para a próxima terça-feira.
Campanha da França na Copa do Mundo:
França 4 x 0 Coreia do Sul
França 2 x 1 Noruega
França 1 x 0 Nigéria
França 2 x 1 Brasil
França 1 x 2 Estados Unidos
FONTE: GLOBOESPORTE.COM
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