O Ministério Público de Minas Gerais sustenta que, desde outubro do ano passado, a Vale tinha conhecimento do risco de desabamento em Brumadinho e em outras oito barragens.
Ainda assim, de acordo com os promotores, a mineradora as classificou como de “baixo risco”.
As informações constam numa ação civil pública movida pelo MP contra a Vale, em tramitação no TJ-MG. O processo corria em sigilo até a semana passada, mas tornou-se público por decisão judicial.
Num dos despachos disponíveis na ação, o juiz Sergio Fernandes lista as estruturas que, segundo o MP, estão na chamada “zona de atenção”, ou “alarp zone”.
São elas: Barragem Laranjeiras, Menezes II, Capitão do Mato, Dique B, Taquaras, Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III, Barragem I do Complexo Minerário Mina Córrego Feijão e Barragem IV-A do Complexo Minerário Mina Córrego Feijão. Salienta que, das 10 barragens, 2 já se romperam, causando a tragédia de Brumadinho.
Escreveu o magistrado:
– […] a Barragem I e a Barragem IV-A do complexo Minerário Mina Córrego Feijão (Brumadinho), além de outras oito que estão em situação de maior risco, foram indicadas como seguras, segundo laudos técnicos aventados pela ré, que atestavam estabilidade e segurança […].
Em outro trecho, o juiz é mais incisivo. Ele faz referência a um relatório de outubro do ano passado que, ainda de acordo com os procuradores, indicava a ameaça representada por Brumadinho e as outras barragens mencionadas:
– Com efeito, os documentos colacionados pelo Ministério Público (cita os documentos) aventam que em outubro de 2018 já havia sido constatado pela ré o grau de risco de rompimento das barragens indicadas.
Importante lembrar que o engenheiro Makoto Namba, funcionário de uma empresa que prestava serviços à Vale, acusou um empregado da mineradora de tê-lo pressionado a assinar um laudo de estabilidade de interesse da companhia.
Namba foi preso no dia 29 de janeiro, mas acabou solto na semana passada por determinação do STJ.
Após a tragédia do último dia 25, que deixou 150 mortos, a Vale anunciou que vai desativar as barragens a montante, como a de Brumadinho.
FONTE: O GLOBO
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