PF encontrou R$ 51 mi em apartamento‘Defesa quer atrasar processo’, diz PGR ‘Não significa admissão’, diz defesa
O ex-ministro Geddel Vieira Lima e seu irmão, deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), ficaram em silêncio durante audiência no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 4ª feira (31.out.2018) relativa ao caso do bunker com R$ 51 milhões em espécie em Salvador.
Os políticos usaram o direito constitucional de não produzir provas contra eles mesmos “por absoluta e incisiva orientação da defesa técnica”.
A audiência é uma das últimas fases do processo. Com a recusa dos investigados em responder as perguntas dos procuradores do MPF (Ministério Público Federal), durou cerca de 10 minutos.
Geddel está preso preventivamente desde 8 setembro de 2017, 3 dias após o dinheiro ser encontrado.
A denúncia foi apresentada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em dezembro do ano passado. Na ocasião, Dodge disse que a quantia milionária encontrada no apartamento era a maior apreensão de dinheiro vivo da história do MPF (Ministério Público Federal).
De acordo com a defesa de Geddel, a origem dos R$ 51 milhões decorre da “simples guarda de valores em espécie”. O valor seria fruto de “investimentos no mercado de incorporação imobiliária, com dinheiro vivo”.
Para o procurador da República Hebert Reis Mesquita, que acompanhou a audiência, a estratégia da defesa é atrasar o processo e impedir o final da instrução. “Ele [Lúcio] não se reelegeu. Chega no final do ano, a instrução não tendo acabado, o processo vai descer [para Salvador] e daqui a 10 anos está de volta aqui ao Supremo”, disse.
Em nota, o advogado da família Vieira Lima, Gamil Föppel, afirmou que o silêncio de Geddel e Lúcio não significa “qualquer admissão de responsabilidade pelos inocorrentes fatos que lhes são atribuídos”.
O advogado disse que não teve acesso à perícia oficial das digitais encontradas nas malas.
Eis a íntegra da nota da defesa:
“Acerca das audiências realizadas nos dias 30 e 31 de outubro de 2018, a defesa técnica dos senhores Geddel, Lúcio e Marluce Vieira Lima vem esclarecer o que segue:
1) Desde a deflagração da alcunhada ‘Operação Tesouro Perdido’, quando divulgado que teriam sido encontrados vestígios de impressão digital do senhor Geddel Vieira Lima no material apreendido, esta defesa técnica requereu acesso aos elementos submetidos à perícia, que o Ministério Público Federal alardeia como prova cabal da sua acusação.
2) Ocorre que, malgrado se tenha apresentado sucessivas petições, até a presente data não foi conferido à defesa técnica acesso integral aos elementos referentes à suposta perícia papiloscópica, tolhendo qualquer possibilidade de exercício do contraditório, fulminando de nulidade absoluta o procedimento.
3) Desse modo, diante da incontornável nulidade do processo, vendo-se impossibilitados de defenderem-se das acusações, por orientação dos seus advogados, os senhores Geddel e Lúcio Vieira Lima reservaram-se à prerrogativa de não responderem às perguntas que lhes foram formuladas nos seus interrogatórios – não significando, tal postura, qualquer admissão de responsabilidade pelos inocorrentes fatos que lhes são atribuídos.
4) Com efeito, causa espécie que após mais de um ano de sucessivos requerimentos de acesso ao material, sem que a defesa técnica impusesse qualquer óbice ao normal andamento do processo, ainda não se tenha permitido uma simples análise técnica da suposta perícia realizada, sendo legítimo questionar às instituições de controle a quem interessa a procrastinação da realização de um simples exame pericial.”
(Com informações da Agência Brasil.)
FONTE: PODER 360
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