Ambos continuam lutando contra resquícios do Daesh no país, mas têm divergências em relação à presença de tropas do Irã em território sírio
Quase um ano separa as entradas dos Estados Unidos, em 2014, e da Rússia, em 2015, na guerra da Síria. Ambos entraram no conflito com um objetivo comum declarado: derrotar o Daesh, que buscava espaços no país.
Mas, neste momento, há um abismo entre os interesses das duas potências no país. E ambas se acusam de estarem em um atoleiro, sem conseguir sair. Iniciada em 2011, a guerra da Síria já deixou mais de 500 mil mortos, segundo o OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos).
A nova polêmica foi iniciada com uma declaração de John Bolton, assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Em uma coletiva de imprensa em Jerusalém, nesta quarta-feira (22), ele afirmou que a Rússia está “atolada” na Síria e procura outros para financiarem a reconstrução do pós-guerra no país, segundo a Reuters.
Ambos os países continuam lutando contra os resquícios do Daesh no país. No entanto, há fortes divergências em relação à presença de tropas do Irã em território sírio. Até agora, nenhuma das duas potências ousou dar o primeiro passo.
Pelo contrário. Mantêm discursos conflitantes, passando sempre a responsabilidade de um para o outro. Neste clima, segundo a Reuters, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov rebateu a declaração do representante americano, afirmando Moscou está ajudando no retorno de refugiados à Síria e a dar início ao processo de reconstrução do país.
“A declaração de que a Rússia está ‘atolada’ não é correta, ainda mais vindo de nossos colegas em Washington. Não devemos esquecer que soldados norte-americanos também estão em território sírio.”
Os Estados Unidos entraram formalmente na guerra em setembro de 2014, atacando alvos do Daesh na Síria. A Rússia entrou em setembro de 2015, já com a Turquia realizando incursões em território sírio para atacar grupos curdos.
Mas o discurso de combate ao terrorismo é apenas uma das vertentes no rol de interesses dos dois países. Para a Rússia, a região é estratégica por dar aos russos acesso ao porto de Tartus e ao aeroporto de Latakia, onde mantêm bases.
A venda de armas russas ao governo sírio e retomada do protagonismo, após o isolamento causado pelo conflito na Ucrânia, são outros fatores que estimulam a presença russa na Síria.
Já os Estados Unidos entraram também para conter a influência do Irã, que busca evitar o avanço sunita na região, além de, segundo o governo israelense, ter a possibilidade de causar instabilidade em Israel por meio de ataques próximos à fronteira.
Também para os americanos, a partir do apoio da Rússia ao governo de Bashar al-Assad, não interessa ver os russos ganharem influência na região.
FONTE: R7.COM
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