Manutenção da estimativa de crescimento do PIB neste ano aconteceu apesar de nova crise política envolvendo o presidente Michel Temer.
O Banco Central manteve nesta quinta-feira (22) a previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) terá um crescimento de 0,5% em 2017 e estimou que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficará abaixo de 4% neste ano. As informações constam no relatório de inflação do segundo trimestre.
No caso do nível de atividade, a manutenção da estimativa de alta do PIB para este ano aconteceu apesar das denúncias de executivos da JBS de que o presidente Michel Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
“Essa manutenção do percentual [para alta do PIB de 2017] refletiu, por um lado, resultados favoráveis de indicadores de atividade relativos aos primeiros cinco meses do ano que, se mantidos ao longo do ano, levariam a uma revisão de alta na projeção do PIB anual”, informou o BC.
Acrescentou que, “por outro lado, a elevação do ambiente de incertezas que, se mantidas em nível elevado por período prolongado, podem produzir efeitos negativos sobre a atividade, e recomendam manter a projeção anterior”.
Segundo a instituição, a manutenção, “por tempo prolongado, de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia pode ter impacto negativo sobre a atividade”.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Em 2016, o PIB brasileiro caiu pelo segundo ano seguido e confirmou a pior recessão da história do país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na última semana, o mercado financeiro previu uma alta de 0,4% para o PIB de 2017.
Crise política
A revisão para baixo da estimativa do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano acontece após as denúncias de executivos da JBS de que o presidente Michel Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
O presidente Michel Temer foi gravado por Joesley Batista, dono da JBS. Mais recentemente, o empresário declarou, em entrevista à revista “Época”, que o presidente da República é o chefe “da maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil.
Estimativas de inflação do Banco Central
No caso da inflação, a autoridade monetária projetou, no documento divulgado nesta quinta-feira, que o IPCA ficará em 3,8% em 2017. Em março deste ano, a previsão era de que a inflação oscilaria entre 3,9% e 4% neste ano.
Para 2018, a estimativa da autoridade monetária é de que a inflação oficial do Brasil ficará entre 3,9% e 4,5% – patamar um pouco abaixo da última estimativa do BC, feita em março, de que o IPCA ficaria entre 4% e 4,5% no ano que vem.
“O comportamento da inflação permanece favorável, com desinflação difundida inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Índices de inflação divulgados recentemente situaram-se abaixo das expectativas e o amplo conjunto de medidas de núcleo de inflação acompanhadas pelo Copom indica nível baixo de inflação corrente”, avaliou a instituição.
Para 2017 e para o próximo ano, a meta central é de 4,5% e o teto é de 6%. Deste modo, o BC estimou uma inflação abaixo do objetivo central para este ano.
Em 2015, o IPCA somou 10,67% e estourou o teto de 6,5% vigente para o período. Já no ano passado, a inflação oficial retornou para o limite do sistema de metas, ao somar 6,29% – abaixo do teto de 6,5% fixado para 2016.
O mercado financeiro estimou, na semana passada, que o IPCA, a inflação oficial do país, ficará em 3,64% neste ano e em 4,33% em 2018.
Taxa de juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já efetuou seis reduções seguidas na taxa Selic, sendo as últimas de 1 ponto percentual. Para o fim de 2017 e de 2018, o mercado projeta que a taxa básica de juros da economia recue para 8,5% ao ano.
As decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, colegiado formado por diretores e presidente do BC, são “prospectivas”, ou seja, são tomadas olhando para as expectativas de inflação para os próximos meses e anos.
Neste momento, o BC já olha o cenário do final de 2017 e de 2018 para tomar as próximas decisões sobre a taxa de juros (com meta central de 4,5% e teto de 6% para a inflação).
A autoridade monetária informou nesta quinta-feira que o “aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”.
“O ritmo de flexibilização monetária [do processo de corte de juros] continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, concluiu o BC.
O mercado estima um corte de juros de 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano, no fim de julho, o que representa um ritmo menor de redução da taxa Selic. Nas últimas duas reuniões do Copom, os juros recuaram 1 ponto percentual.
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