Economistas lembram que o País já atravessou momentos de preços em alta e PIB crescente
A economia brasileira atravessa um momento complicado, com inflação acima do teto da meta e recessão econômica persistente há seis trimestres consecutivos. Mesmo relacionados, os indicadores podem variar de modo diferente no curto prazo. É possível que um país evolua suas riquezas diante da alta dos preços.
No Brasil, o PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todos os bens e serviços produzidos no País) crescente e a inflação elevada caminharam juntos durante um longo período de tempo. No final da década de 70, por exemplo, os preços tiveram saltos significativos em um período marcado pelo crescimento econômico, conforme lembra o presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Júlio Miragaya. Ele explica que a busca por uma inflação “mais saudável” para o crescimento “não pode justificar uma economia paralisada ou em recessão”.
— É preciso ter muito cuidado com essa armadilha da inflação baixa aliada com o desenvolvimento. O movimento econômico não acontece necessariamente dessa forma. […] Há determinados mitos de que dizem que a redução da inflação por si só resolveria todos os problemas e a gente sabe que não é bem assim.
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O professor da Escola de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Rogério Mori concorda com Miragaya, mas ressalta que a possibilidade de crescer economicamente em um período com inflação elevada só é possível em um curtíssimo espaço de tempo. Segundo Mori, a alta desenfreada dos preços ocasiona uma recessão de oferta cada vez maior.
— O Brasil no passado teve um processo com crescimento econômico e inflação, mas foi em um período em que o País estava se industrializando, entre a década de 1940 até o final dos anos 70, quando você transitou mão de obra do setor de baixa produtividade para a indústria.
Para Mori, o modelo que deu certo no passado se esgotou e não pode mais ser replicado no Brasil. Ele avalia que o ideal é manter a inflação baixa para construir elementos que permitam o crescimento de forma equilibrada.
— O nosso modelo de crescimento precisa ter um aumento maior no setor de serviços, que é onde está o grosso da nossa mão de obra hoje. Não dá para você imaginar que a gente vai conseguir crescer por anos com inflação alta.
De acordo com dados revelados pelo último relatório de expectativas do BC (Banco Central), a perspectiva atual dos economistas é de que o Brasil termine 2016 com uma inflação de 7,34% e encolhimento de 3,15% do PIB. Para o ano que vem, o mercado observa que a variação de preços deve voltar à meta estabelecida pelo governo e o País retome o crescimento.
Desemprego
Por muitos anos, a inflação foi relacionada diretamente ao desemprego. O dado, no entanto, foi contestado e economistas perceberam que a relação entre os indicadores também só é percebida no curto prazo.
Miragaya afirma que o nível de desemprego está associado ao nível de atividade econômica, que depende do consumo da população.
— Eu posso ter um cenário com inflação alta com índice de desemprego baixo, inflação alta com desemprego alto, inflação baixa com desemprego alto e inflação baixa com desemprego baixo.
Fonte: R7
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