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Tráfico ilegal ameaça 4 mil espécies de plantas e animais, revela novo relatório global

Apesar de esforços conjuntos multinacionais há mais de duas décadas, o tráfico ilegal continua sendo uma ameaça para 4 mil espécies de plantas e animais no mundo todo. O alerta é dado pelo World Wildlife Crime Report 2024, elaborado pelo Departamento de Drogas e Crimes das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês).

O levantamento aponta que o tráfico de vida selvagem está interligado com as atividades de grandes e poderosos grupos do crime organizado que operam em algumas das regiões mais biodiversas do planeta, como a Amazônia, mas também, mais suscetíveis à atuação desses bandidos.

“A corrupção mina a regulamentação e a aplicação da lei, enquanto a tecnologia acelera a capacidade dos traficantes de alcançar os mercados globais – a resposta da justiça precisa ser modernizada, reforçada e harmonizada desde a origem até os mercados finais”, ressaltam os especialistas envolvidos no relatório.

O estudo compilou mais de 140 mil registros de apreensões de espécies da fauna e da flora que ocorreram em 162 países e territórios, entre 2015 e 2021. Apesar de ter sido observada uma queda no tráfico de alguns animais, como rinocerontes e elefantes, houve um aumento entre outros.

Aproximadamente 3.250 das espécies apreendidas estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). É o caso, por exemplo, dos 20 micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) e doze araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) encontrados com traficantes em uma embarcação no Togo, em fevereiro deste ano – espécies endêmicas do Brasil e em risco de extinção.

No período analisado pelo relatório, corais são de longe as espécies mais traficadas. Eles representam 16% das apreensões realizadas. Em seguida aparecem crocodilos e jacarés (9%), e na sequência, elefantes (6%), moluscos (6%) e animais carnívoros (5%). Depois aparecem papagaios e cacatuas, orquídeas, tartarugas e pau-rosa, todos com 4%.

“Os números reais desse mercado criminoso são, obviamente, muito maiores do que as apreensões registadas. Traficantes se adaptam, ajustam os seus métodos e rotas em resposta a mudanças regulatórias e para explorar diferenças entre regimes jurídicos, lacunas na fiscalização e novas tendências de mercado”, afirma a análise.

A retirada da natureza ou a criação de espécies em cativeiro de forma ilegal atendem uma demanda de vários setores – entre os principais estão o mercado de bichos de estimação e colecionadores de espécies exóticas, a medicina tradicional de alguns países, sobretudo os asiáticos (em que escamas de pangolim e pó de chifres são utilizados) e o universo da moda (couro e pele para a produção de roupas e acessórios).

“O crime contra a vida selvagem inflige danos incalculáveis ​​à natureza e também põe em risco os meios de subsistência, a saúde pública, a boa governança e a capacidade do nosso planeta para combater as alterações climáticas”, diz Ghada Waly, diretora executiva do UNODC. “Para enfrentar este crime, precisamos nos equiparar na adaptação e agilidade do tráfico. Isto exige intervenções fortes e direcionadas tanto no lado da oferta e da demanda da cadeia do tráfico, mas também com esforços para reduzir os incentivos e lucros criminosos, e um maior investimento em dados, análise e capacidades de monitoramento.”

FONTE: CONEXÃO PLANETA

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