Público-alvo serão crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos; para 2024 serão distribuídas 6,5 milhões de doses
O Ministério da Saúde informou, nesta quinta-feira (25), que 521 cidades vão receber a vacina contra a dengue a partir de fevereiro e 3,2 milhões de pessoas serão imunizadas este ano. Para 2024 serão distribuídas 6,5 milhões de doses, e para 2025 já foram garantidas 9 milhões. O público-alvo serão crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Segundo a pasta, essa faixa etária apresenta o maior número de hospitalizações por dengue, depois dos idosos.
Para a seleção das cidades que vão receber o imunizante, o Ministério da Saúde levou em consideração municípios com mais de 100 mil habitantes que possuem alta transmissão de dengue, maior número de casos em 2023 e 2024 e predominância da dengue tipo 2 em dezembro do ano passado. A pasta não informou a quantidade de doses destinadas a cada município.
“Estaremos trabalhando para que ela de fato venha a ser um dos grandes instrumentos de controle”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, sobre a vacinação contra a dengue.
A nova vacina Qdenga foi desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda e fornece proteção contra os quatro sorotipos. O Brasil será o primeiro país no mundo a ofertar o imunizante na rede pública de saúde.
O diretor de imunização e doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Eder Gatti, destacou que a vacina contra a dengue desenvolvida no Brasil também pode ser agregada ao calendário de imunização. “O Brasil continuará buscando por mais vacinas e a gente espera também que outros produtores possam contribuir. A gente vislumbra o licenciamento da vacina do Butantã em um futuro próximo, inclusive com produção nacional, que vai agregar ainda mais o número de doses, possibilitando vacinar uma parcela maior da nossa população.”
Com relação às ações de combate e enfrentamento à dengue, a pasta repassou R$ 256 milhões para estados e municípios, qualificou profissionais de saúde para identificar melhor a doença, implementou a “Sala Nacional de Arboviroses” e adquiriu larvicidas e sais de hidratação. Também foram comprados 125,2 mil testes rápidos e 47,6 mil exames de biologia molecular para identificação da dengue, zika e chikungunya.
Nas primeiras semanas de janeiro foi observado um aumento nos casos de dengue. As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul concentram os maiores registros. A pasta contabilizou um aumento de 17,6% nos casos de dengue no país entre julho de 2023 a janeiro de 2024.
No ano passado, 1.094 pessoas morreram pela doença e 1,6 milhões de casos prováveis foram registrados. Em 2024, 12 pessoas morreram e 120.874 casos prováveis foram registrados.
A nova vacina Qdenga fornece proteção contra os quatro sorotipos de dengue e pode ser aplicada em quem ainda não teve a doença. O esquema vacinal inclui duas doses subcutâneas com intervalo de três meses entre elas. A proteção contra a doença deve ter duração de até cinco anos.
A aprovação da Qdenga pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) serviu como base para a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em março de 2023.
Ao órgão europeu, a Takeda apresentou dados de 19 estudos científicos que envolveram 28 mil crianças e adultos.
O ensaio clínico final demonstrou que o imunizante foi capaz de prevenir 80,2% dos casos sintomáticos de dengue 12 meses após a vacinação.
O estudo mostrou que a vacina evitou em 90,4% as hospitalizações em casos de dengue em um prazo de 18 meses após as injeções. Após 4,5 anos da vacinação, a eficácia para casos sintomáticos caiu para 61%, mas a prevenção de internações hospitalares se manteve alta, em 84%.
A Qdenga é baseada no vírus vivo e atenuado do sorotipo 2 da dengue. Segundo o fabricante, é ele que fornece a “espinha dorsal” genética para haver a proteção contra os demais sorotipos.
Na prática, esse vírus não é capaz de causar doença nas pessoas que recebem a vacina. Ainda assim, existem contraindicações. Segundo o laboratório, os seguintes grupos não devem receber a Qdenga:
• Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo terapias imunossupressoras, como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides sistêmicos nas quatro semanas anteriores à vacinação;
• Indivíduos com infecção sintomática pelo HIV ou com infecção assintomática pelo HIV quando acompanhados de evidência de comprometimento da função imunológica; e
• Grávidas e lactantes.
Os estudos apontaram uma série de possíveis efeitos colaterais após a vacinação.
Os mais comuns (afetaram mais de uma em dez pessoas) foram:
• dor no local da injeção;
• dor de cabeça;
• dores musculares;
• vermelhidão no local da injeção;
• mal-estar;
• fraqueza;
• infecções no nariz ou garganta;
• febre.
Os efeitos adversos considerados comuns (afetaram até uma em cada dez pessoas) foram:
• inchaço no local da injeção;
• dor ou inflamação no nariz, ou garganta;
• coceira no local da injeção;
• inflamação da garganta e amígdalas;
• dor nas articulações;
• sintomas gripais.
Outros sintomas mais incomuns, como diarreia, coceira e erupções na pele, também foram identificados nos estudos.
FONTE: R7.COM
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