Hector Babenco, cineasta argentino indicado ao Oscar, morreu aos 70 anos por volta das 22h50 desta quarta-feira (13) de uma parada cardíaca no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A informação foi confirmada por Denise Winther, produtora da HB Filmes, de Babenco.
Babenco foi internado na terça-feira (12) para um procedimento cirúrgico. Janka Babenco, filha do cineasta, disse que o pai foi levado ao hospital com sinusite. Babenco havia realizado um transplante de medula nos anos 1990 para tratar um linfoma linfático, experiência da qual nasceu o filme autobiográfico “Meu Amigo Hindu”, sobre um diretor com câncer em estado terminal que quer filmar um último longa.
“Ele já estava com o corpo cansado e teve a parada cardiorrespiratória. Foi tudo muito simples, muito básico”, disse. Segundo Denise, ele estava bem, mas não resistiu à parada cardíaca.
“Ele já tinha cumprido sua carreira de 40 anos. Faz parte da história de cinema desse país”, completou. Como pai, Janka o define como “lindo”, “o melhor de todos”. Ele era casado com a atriz Bárbara Paz desde 2010.
Segundo Janka o velório vai ocorrer nesta sexta-feira (15). Ela quer que a cerimônica seja realizada na Cinemateca, na Zona Sul de São Paulo.
Um dos principais trabalhos de Babenco é “O beijo da Mulher-Aranha” (1985), pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor diretor. O longa rendeu o Oscar de melhor ator a William Hurt. Sônia Braga e Raul Julia (“Família Adams”) compunham o elenco.
Baseada no livro homônimo de Manuel Puig, a história se passa num presídio de um país latino-americano, em que um militante de esquerda e um homossexual dividem uma cela.
Nascido na Argentina em 1946, Babenco se naturalizou brasileiro em 1977. Fez aqui uma carreira com filmes de peso.
Seu primeiro longa-metragem foi “O rei da noite” (1975). Estrelado por Paulo José e Marilia Pêra, o longo mostra a história de Tertuliano, narrada por ele mesmo, desde sua infância até a velhice. Nascido em uma família paulistana tradicional mas já arruinada, Tertuliano tem de conviver com a doença mental do pai, o ocaso familiar e uma série de casos amorosos.
Entre os clássicos de Hector Babenco estão o “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia” (1977) e o filme “Pixote, a lei do mais fraco” (1982).
“Pixote” conta a história do garoto que faz parte de um grupo de crianças de rua que, depois de sofrer muito num reformatório, faz aliança com uma prostituta, papel de Marília Pera.
Na vida real, “Pixote” acabou rendendo uma história trágica. O ator Fernando Ramos da Silva, que interpreta protagonista do filme, acabou não seguindo carreira. Sete anos após o lançamento do filme, foi assassinado por policiais em São Paulo.
Seu último filme “Meu Amigo Hindu” foi lançado em março de 2015. A trama tem como protagonista o diretor de cinema Diego (Willem Dafoe), que enfrenta um câncer linfático. O cineasta falou ao Fantástico sobre o filme.
Quando confrontado pela Morte (Selton Mello), ele expressa só um desejo: realizar mais um filme. Já o título vem da referência a um garoto indiano que conhece nos Estados Unidos, que também passa por tratamento, e junto de Diego encontra uma saída lúdica para enfrentar a doença.
Fonte: G1
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