Número cresceu quase 10% em relação ao registrado em 2014.
Países que mais recebem refugiados são Turquia, Paquistão e Líbano.
O número de pessoas deslocadas por motivos de conflitos e perseguições em todo o mundo chegou a 65,3 milhões no final de 2015, de acordo com um relatório da ONU lançado nesta segunda-feira (20), dia em que é comemorado o Dia Mundial do Refugiado.
É a maior crise humanitária desde a 2ª Guerra Mundial. Segundo a agência da ONU para refugiados (Acnur), uma em cada 113 pessoas no mundo é refugiada, requerente de asilo ou deslocada interna.
O número aumentou quase 10% em relação ao registrado em 2014, que foi de 59,5 milhões, e é considerado um recorde pela agência da ONU para Refugiados, o Acnur. 65,3 milhões de pessoas é mais do que a população do Reino Unido, da França ou da Itália, segundo os dados da ONU.
Dos 65,3 milhões, a maioria de 40,8 milhões é de pessoas forçadas a sair de suas casas e que se deslocaram dentro de seus países, os chamados deslocados internos. Outros 21,3 milhões de pessoas fugiram para outros países, e são chamadas de refugiados. Além disso, 3,2 milhões são requerentes de asilo em países industrializados, ou seja, aguardam uma resposta sobre seu pedido de refúgio.
O drama dos mais de 1 milhão de imigrantes que arriscam suas vidas para atravessar o Mar Mediterrâneo em direção à Europa, e a dificuldade do continente de lidar com a chegada em massa, chamou a atenção do mundo todo em 2015. No entanto, segundo o relatório, a grande maioria dos refugiados está em outros continentes.
86% dos refugiados sob o mandato do Acnur estão em países de renda média ou baixa, próximos às áreas de conflito. O índice chega a 90% do total de refugiados no mundo quando são incluídos os refugiados palestinos sob os cuidados da UNRWA, organização do Sistema ONU dedicada exclusivamente a esta população.
Os países que mais recebem refugiados em todo o mundo são a Turquia, seguida do Paquistão e do Líbano. Já os países de onde mais saíram refugiados em 2015 foram a Síria (4,9 milhões), o Afeganistão (2,7 milhões) e a Somália (1,1 milhão).
Os países com maior número de deslocados internos são Colômbia (6,9 milhões), Síria (6,6 milhões) e Iraque (4,4 milhões). O Iêmen, em 2015, foi o país que mais ocasionou novos deslocados internos, que corresponderam a 2,5 milhões de pessoas, ou 9% de sua população.
Em relação aos pedidos de refúgio, o número também quebrou recordes, de acordo com o Acnur. Apenas em 2015 foram registrados 2 milhões de novos pedidos de refúgio nos países industrializados. Com essas novas solicitações, 3,2 milhões de pedidos estavam pendentes de resposta no final do ano passado.
O país que mais recebeu pedidos de refúgio foi a Alemanha, com 441,9 mil, o que segundo a agência da ONU, está ligado à sua postura de abertura aos refugiados que chegam à Europaapós atravessar o Mar Mediterrâneo. Depois vieram os Estados Unidos, com 172 mil pedidos de refúgio, muitos feitos por pessoas que fogem de conflitos armados na América Central.
Crianças
As crianças representam 51% do total de refugiados em todo o mundo. O Acnur afirma que o que preocupa é a quantidade de crianças que foram separadas de seus pais e viajam sozinhas. Segundo a agência, 98,4 mil solicitações de refúgio vieram de crianças desacompanhadas, o maior número já visto.
Refugiados no Brasil
No continente americano, houve um aumento de 17% do deslocamento forçado, que o Acrnur atribui à atuação de gangues e outras formas de violência urbana. A maior parte é de refugiados e solicitantes de refúgio de El Salvador, Guatemala e Honduras, que somados chegam a 109,8 mil pessoas, e que em sua maioria vão para o México e os Estados Unidos.
O relatório indica que o Brasil abrigava 8.707 refugiados em 2015. Dados mais atuais do Comitê Nacional de Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, indicam que o país abriga 8.731 refugiados de 79 nacionalidades diferentes, sendo 2.252 sírios.
Fonte: G1
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