País está entre os que mais aderiram à IA. A maioria dos brasileiros ouvidos por uma pesquisa sobre o tema (93%) apontaram que têm expectativas boas ou moderadas em relação aos benefícios
A Inteligência Artificial (IA) tem sido cada vez mais utilizada para serviços gerais e como ferramenta eficaz na redução de custos para empresas e no dia a dia do cidadão. Segundo estudo global da consultoria KPMG, em parceria com a Universidade de Queensland, da Austrália, os brasileiros estão cada vez mais confortáveis com o tema. No entanto, no âmbito geral, mais da metade dos trabalhadores não confia no uso da IA no trabalho. O estudo ouviu mais de 17 mil pessoas, em 17 países.
Sobre a credibilidade dos usuários, os brasileiros ficaram em 4º lugar (56%) no ranking geral. Em primeiro está a Índia (75%), seguida pelos chineses (67%) e pelos sul-africanos (57%).
Osmar Carvalho, engenheiro eletricista, mestre, consultor e pesquisador em Inteligência Artificial, explica o motivo de brasileiros estarem cada vez mais inseridos e familiarizados com a tecnologia. “É interessante falar que a IA já está presente na vida dos brasileiros há algum tempo, seja em catracas com reconhecimento facial, rotas no Waze, tradução automática de idiomas, recomendações de filmes em plataformas de streaming e, até mesmo, em filtros do Instagram. É evidente que as metodologias e aplicações têm crescido muito rapidamente nos últimos tempos e isso requer cuidados e precauções, especialmente em sistemas de IA que interagem com o meio físico, por exemplo, os carros autônomos”, afirma.
Os entrevistados brasileiros também responderam se a Inteligência Artificial é utilizada pelas empresas em que trabalham. No total, 50% confirmaram o uso, o que coloca o Brasil na terceira posição entre os países que mais se beneficiam com o serviço.
Sobre a credibilidade da IA, três em cada cinco pessoas (61%) não têm certeza ou tendem a não confiar na Inteligência Artificial.
Para Felipe Costa, 22 anos, estudante de administração, as ferramentas auxiliam em sua trajetória acadêmica. “Comecei a testar plataformas como o Chat GPT para me ajudar na indicação de textos para o meu TCC. Recebi ótimas sugestões que me ajudaram muito”, revela.
A maioria dos brasileiros ouvidos (93%) têm expectativas boas ou moderadas em relação aos benefícios. Consideram que os sistemas de IA são “confiáveis” e “funcionam de acordo com as expectativas”. Mas isso não significa que exista uma tranquilidade em relação ao uso das ferramentas. Os brasileiros se preocupam com questões de segurança cibernética (66%), manipulação (63%) e substituição da mão de obra humana (57%).
Maria Júlia Fonseca, de 37 anos, tem ressalvas. “Na minha área acredito ser mais tranquilo, mas tenho medo de sumirem oportunidades de empregos em outras setores, já que a inteligência artificial pode ser mais barata e, em certos casos, até mais efetiva”, desabafa.
Na comparação com pesquisa de 2020 nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unidos e Austrália, a KPMG verificou que a confiança IA aumentou em todos os países. “Mais pessoas ouviram falar de IA em 2022 (78%) do que em 2020 (62%).”
Pausa no avanço
Dados revelam que 73% dos respondentes da pesquisa da Queensland no mundo manifestaram preocupação com os riscos potenciais, especialmente no que se refere a violações de privacidade, manipulação e uso nocivo, perda de empregos e desqualificação, falha do sistema, erosão dos direitos humanos e fornecimento de dados imprecisos ou de resultados tendenciosos. Para 71% dos entrevistados, a regulamentação é necessária.
A divulgação da pesquisa vem acompanhada do pedido de mais de mil especialistas da área de computação e de empresários por uma pausa de seis meses no desenvolvimento de tecnologias de IA. Alertam para “grandes riscos para a humanidade” e já contam com 28 mil assinaturas.
O bilionário Elon Musk, proprietário do Twitter e fundador da Tesla; o cofundador da Apple, Steve Wozniak; o diretor da Stability AI, Emad Mostaque; o co-fundador da plataforma de imagens Pinterest, Evan Sharp; e o cocriador do Skype, Jaan Tallinn, foram algumas das personalidades que assinaram a petição.
Polêmica
Geoffrey Hinton, conhecido como o “Padrinho da Inteligência Artificial (IA)”, despediu-se da empresa norte-americana Google, onde trabalhava havia mais de dez anos, para poder alertar, de forma mais livre, sobre os perigos da tecnologia que ajudou a desenvolver. O cientista é um dos principais responsáveis pelos sistemas digitais que servem de motor para programas como o ChatGPT e afirmou à BBC que mostra-se arrependido do seu papel na edificação de uma tecnologia cujos perigos são “assustadores”.
Regulamentação
Parlamentares da União Europeia fizeram um pedido, no mês de abril, pela regulamentação da Inteligência Artificial em toda a Europa. No Brasil, na última semana, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB-MG), destravou o PL 21/2020, que cria o Marco Regulatório para a IA. A matéria foi aprovada na Câmara dos Deputados em 2021. Desde então, recebeu uma série de adições, após a criação de uma comissão de juristas ligados ao tema.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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