Doença letal para humanos e animais não é registrada na cidade desde 2003
Assim como a paralisia infantil foi erradicada do Brasil através da alta cobertura vacinal, a raiva humana é uma enfermidade controlada através da imunização de animais domésticos há quase 20 anos em Porto Velho. Nesta quarta-feira (28) é celebrado o Dia Mundial de Combate à Raiva Humana, que evidencia a importância da vacinação contra a doença fatal.
O trabalho de combate à raiva em Porto Velho é feito pela Divisão de Controle de Zoonoses em Animais Domésticos e Sinantrópicos (DCZADS), da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). A pasta atua na identificação, avaliação, diagnóstico e medidas de controle de enfermidades transmitidas de animais domésticos para humanos, através de campanhas de vacinação.
Segundo Alexandre Farahildes Ribeiro, médico veterinário da DCZADS desde 1996, até o início dos anos 2000, Porto Velho concentrou inúmeros casos da doença devido falhas nas ações de combate, chegando a registrar mais de 380 casos em um ano.
“No início as metodologias de controle consistiam em fazer a captura do animal de rua e eliminação, o que não pode mais ser feito hoje. A prevenção da doença ocorre agora através da imunização do animal doméstico. Para isso nós fazemos campanha de vacinação em mais de 120 escolas uma vez por ano, além de atuar por chamamento”, explicou o veterinário.
Além da campanha anual, a vacinação de cães e gatos acontece o ano inteiro na sede da DCZADS, na capital, localizada na avenida Mamoré, 1120, bairro Lagoinha. A população também pode solicitar análise e diagnóstico de raiva através do telefone (69) 98473-6712.
TRANSMISSÃO
A raiva pode ser transmitida através de animais mamíferos infectados pelo vírus, em especial os cães e gatos em áreas urbanas e morcegos em áreas silvestres e rurais.
O período de incubação do vírus Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, responsável pela infecção, pode variar de tempo conforme as espécies dos reservatórios e a localização do ferimento ou do contato com a secreção salivar do animal infectado.
Nos animais, por exemplo, o vírus mata em até dez dias após o início dos sintomas. Tanto em seres humanos como em animais, o vírus entra pelo sistema nervoso periférico com destino ao sistema nervoso central e pode levar o paciente ao óbito em até um ano depois do contato.
SINTOMAS
Os sintomas podem variar em cada animal, podendo ser até assintomático. O mais frequente é que ele apareça após três meses, ou até mesmo em um ano. De acordo com Alexandre Ribeiro, entre os sintomas mais comuns em animais que o vírus pode despertar no organismo estão: alterações de comportamento, confusão mental, desorientação, incoordenação motora, agressividade, aumento de temperatura e paralisia da musculatura envolvida com a deglutição.
Ainda de acordo com o especialista, o primeiro diagnóstico pode ser facilmente confundido. Portanto, o ideal é procurar orientação de um médico veterinário particular ou na DCZADS, para realizar uma checagem minuciosa e avaliação clínica do animal.
“Existem doenças como a cinomose, que também causa um quadro neurológico, que confundem bastante com a raiva, entretanto ela não é transmissível a humanos. Já em casos de leishmaniose visceral ou leptospirose, a DCZADS tem que ser notificada, já que quando há suspeitas de casos em animais, os donos também ficam suscetíveis. Caso os sintomas sejam compatíveis com a raiva, esse animal é levado para observação. Caso seja verificado que o sintoma não é compatível com a raiva, esse animal permanece na casa por responsabilidade do seu proprietário”, explicou Alexandre.
PREVENÇÃO
Alguns cuidados podem ser tomados para prevenir o contágio do vírus. A vacina antirrábica é a mais eficaz delas, mas também existem outras formas de cuidar bem do seu pet, como evitar o contato com outros animais desconhecidos, não se aproximar de animais silvestres e prevenir a entrada de morcegos em casa. Agora, caso o animal já tenha sido atacado, é necessário a limpeza imediata do local ferido com água corrente e sabão, além de procurar o atendimento médico o mais rápido possível.
ABANDONO
De acordo com o veterinário, apesar do último registro da doença em Porto Velho já ter 19 anos, há grande chances do vírus ainda existir na cidade. Isso porque, estima-se que haja mais de 5 mil animais abandonados nas ruas, que podem não ter sido vacinados.
“É importante que a população só procure ter um animal se tiver afinidade em cuidar de uma vida. Grande parte dos animais que vivem na rua foram abandonados. E esses animais soltos podem gerar inúmeros problemas sociais, como acidentes de trânsito ou ainda ser infectado por alguma doença grave e transmitir para outros animais ou pessoas. Por isso, só tenha o animal se você se conscientizar que você precisa de tempo e recursos financeiros. O animal não é brinquedo”, concluiu Alexandre.
FONTE: ASSESSORIA COMDECOM
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