Famílias afirmam que homens foram mortos pelo controle de minas recém-descobertas
CARACAS — A Procuradoria-Geral da Venezuela deu início às investigações de um rumor que tomou conta do país neste fim de semana: o suposto desaparecimento de 28 mineiros desde sexta-feira, que poderiam ter sido assassinados por um grupo armado local. Embora o governo de Nicolás Maduro ainda não reconheça a veracidade desta hipótese, o Ministério Público do país designou dois promotores para investigar os fatos.
O episódio teria acontecido na região de Tumeremo, intensamente afetada pela violência de grupos armados do nordeste venezuelano. No último sábado, as famílias dos 28 mineiros fecharam as principais vias da cidade em um protesto pelos desaparecidos. Com medo de represálias, os parentes não se identificaram, mas têm trabalhado em uma intensa campanha para provar à imprensa local que este é um caso de assassinato em massa.
Muitas pessoas da população local acreditam que o grupo armado — chefiado por um criminoso conhecido pelo nome “El Topo” — pretendia ocupar o valioso depósito de ouro que havia sido descoberto horas antes. No entanto, representantes do governo local contrariaram a versão dos fatos levantada por familiares, embora reconheçam a gravidade da situação:
— Até o momento, as autoridades não encontraram os cadáveres nos locais onde as famílias asseguram que eles foram enterrados, nem receberam nenhum indício da matança. Mas há desaparecidos e este é um fato notório. São irmãos, filhos e vizinhos das pessoas que mantém a principal via de comunicação fechada neste momento — disse o prefeito do município de Sifontes, que inclui a administração de Tumeremo, Carlos Chancellor, ao jornal “El País”.
Enquanto isso, os deputados oposicionistas Américo de Grazia e Andrés Velásquez, que representam a região, têm endossado a suspeita de assassinato dos 28 mineiros. Em sua conta no Twitter, de Grazia chegou a publicar uma lista com os nomes de dezessete dos desaparecidos e comparou a história ao caso dos 43 estudantes desaparecidos no México em 2014.
A extração de ouro por comerciantes é a principal atividade da região, uma atividade que também atrai a brasileiros e guianenses. As minas da região são dominadas por associações criminosas — fato reconhecido pelas forças políticas locais, que são frequentemente acusadas de serem condescendentes aos grupos armados. Embora os conflitos pelo controle da riqueza local sejam frequentes, esta é a primeira vez em que se levanta a possibilidade de desaparecimento massivo.
Fonte: oglobo
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