Macron aumenta vantagem sobre Le Pen nas intenções de voto na campanha à Presidência, mas vitória não está garantida
Milhares de manifestantes contra a extrema direita marcharam pela França neste sábado, enquanto os oponentes da candidata Marine Le Pen buscam formar uma frente unida para impedi-la de vencer o segundo turno contra Emmanuel Macron, marcado para 24 de abril.
Político de centro e pró-União Europeia, Macron ganhou a Presidência em 2017 depois de derrotar Le Pen com facilidade, após os eleitores se unirem a ele no segundo turno para manter fora do poder o partido de extrema direita da candidata, o Reunião Nacional (RN).
Este ano, o primeiro turno, no domingo passado, configurou a mesma batalha, mas agora Macron está enfrentando um desafio muito mais difícil do que na eleição anterior.
No centro de Paris, milhares de pessoas se reuniram cantando slogans contra a extrema direita e alertando para um retrocesso democrático se Le Pen vencer. Uma faixa dizia: “Contra a extrema direita. Por justiça e igualdade, não a Le Pen no Eliseu”, referindo-se à residência oficial do presidente francês.
— Se a extrema direita estiver no poder, veremos um grande colapso dos campos democráticos, antirracismo e progressistas — disse Dominique Sopo, presidente do SOS Racismo, que convocou os protestos, junto com dezenas de grupos de direitos, sindicatos e associações. — As pessoas precisam perceber que, apesar de sua raiva contra Emmanuel Macron e suas políticas, não há equivalência entre um candidato liberal e conservador e um candidato de extrema direita.
A polícia havia alertado sobre possíveis incidentes quando manifestantes se reuniram em cerca de 30 cidades, mas os protestos terminaram pacificamente.
Macron, que realizou um comício em Marselha tentando convencer os eleitores de esquerda a escolhê-lo em 24 de abril, está um pouco à frente nas pesquisas de opinião.
— A extrema direita é um risco para o nosso país — disse ele na cidade portuária do Mediterrâneo, onde o vencedor do primeiro turno, em 10 de abril, foi o candidato de extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon.
Antes do primeiro turno, Le Pen aproveitou com sucesso a insatisfação da população com o alto custo de vida e a percepção de que Macron está desconectado das dificuldades cotidianas. Isso fez com que ela terminasse o primeiro turno com 23,1% dos votos, contra 27,85% para Macron.
No entanto, Le Pen parecia mais abalada na última semana, depois que as pesquisas de opinião mostraram que Macron estendeu sua liderança. Uma pesquisa IPSOS-Sopra-Steria divulgada neste sábado mostrou o presidente vencendo o segundo turno com 55,5% dos votos.
Macron também ganhou nos últimos dias o apoio dos ex-presidentes conservador Nicolas Sarkozy e socialista François Hollande. Centenas de celebridades e figuras do esporte também o endossaram para impedir que Le Pen chegue ao poder.
Eleitorado indeciso
Le Pen, cuja postura é anti-imigração e eurocética, procurou nos últimos anos suavizar sua imagem e a de seu partido. Opositores, incluindo Macron, disseram que seu programa está cheio de mentiras e falsas promessas — uma acusação que Le Pen rejeita.
Falando a repórteres no Sul da França, Le Pen descartou os protestos deste sábado como antidemocráticos.
— O establishment está preocupado — disse ela. — Que as pessoas estejam protestando contra os resultados das eleições é profundamente antidemocrático. Eu digo a todas essas pessoas que votem. É simples assim.
Com o eleitorado fragmentado e indeciso, a eleição provavelmente será vencida pelo candidato que puder convencer os eleitores de que a outra opção será muito pior.
Por décadas, uma “frente republicana” de eleitores de todas as tendências, apoiando um candidato popular, ajudou a manter a extrema direita fora do poder. Mas Macron, que às vezes se desviou para a direita incomodando muitos eleitores, não pode mais contar automaticamente com esse apoio.
Destacando como, para alguns eleitores, escolher Macron não é uma decisão fácil, uma faixa dizia em Paris: “Nem Le Pen, nem Macron”.
Ativistas da mudança climática do movimento ambientalista Extinction Rebellion já haviam forçado o fechamento de uma praça e avenida principal da capital, protestando contra os programas ambientais de ambos os candidatos.
— Esta eleição não nos deixa escolha entre uma candidata de extrema direita com ideias repugnantes e um candidato que durante cinco anos deixou a questão ecológica de lado e mentiu — disse Lou, 26 anos, professor de História, que se juntou ao movimento Extinction Rebellion dois anos atrás.
FONTE: REUTERS
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