Prisões enviam ‘mensagem assustadora’ para ativistas políticos
HAVANA — Mais de 1,5 mil pessoas foram detidas de maneira arbitrária em Cuba apenas nas primeiras duas semanas deste mês de dezembro, denunciaram as Nações Unidas. Em muitos casos sem ordem judicial, as prisões aconteceram logo antes de manifestações políticas e duraram algumas horas ou dias.
“Se observa um aumento das detenções. Algumas podem ser muito curtas e a pessoa é liberada em algumas horas ou dias. Esta é uma mensagem assustadora para os defensores dos direitos humanos e ativistas da sociedade civil”, advertiu a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Cécile Pouilly.
A organização ressaltou ainda que outras centenas de detenções aconteceram em novembro no país. O chefe do ACNUDH, Zeid Ra’ad Al Husein, expressou preocupação com o elevado número de detenções em Cuba, classificando a situação como perseguição àqueles que tentam exercer seu direito de liberdade de expressão e de reunião.
Dentre os afetados pela onda de detenções, inclui-se o movimento das Damas de Branco, que reúne mulheres e familiares de presos políticos cubanos desde a Primavera Negra de março de 2003.
“As Damas de Branco se manifestaram e fizeram campanhas por meses nas ruas, mas obviamente não puderam realizar todas as atividades que tinham planejado”, afirmou Cécile.
Embora a entidade não tenha autorização das autoridades cubanas para exercer suas atividades no país, o ACNUDH trabalha com organizações locais da sociedade civil.
A denúncia da ONU vem na mesma semana em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, concidicou uma visita a Cuba à maior liberdade na ilha. A viagem histórica poderia ser em 2016, mais de um ano após o anúncio do degelo entre os dois países. O presidente voltou a mencionar ainda sua defesa pelo fechamento de Guantánamo, uma medida que enfrenta resistência do Congresso.
“Estou muito interessado em ir a Cuba, mas acho que as condições têm que ser as certas”, disse Obama. “E o que eu disse ao governo cubano foi ‘se, de fato, eu puder dizer com confiança que estamos vendo algum progresso nas liberdades e possibilidades dos cubanos comuns, eu adoraria aproveitar uma viagem como forma de enfatizar esse progresso’”.
“Se eu for para uma visita, parte do acordo é que eu consiga conversar com todo mundo”, disse Obama. “Deixei muito claro em minhas conversas diretas com o presidente Raúl Castro que continuaremos a procurar aqueles que querem ampliar o alcance da liberdade de expressão dentro de Cuba.”
Fonte: oglobo
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