Primeira-ministra social-democrata Magdalena Andersson vai liderar governo minoritário e enfrentar oposição no Parlamento. Ela também herda problemas, como a gestão da pandemia e criminalidade em alta.
Cem anos depois da introdução do voto feminino na Suécia, o país conhecido por sua tradição na igualdade de gênero elegeu apenas nesta quarta-feira (24/11) a primeira mulher para o cargo de primeira-ministra.
A social-democrata Magdalena Andersson, de 54 anos, esteve à frente da pasta das Finanças desde 2014 e foi confirmada no cargo de primeira-ministra por apenas um voto de diferença.
Segundo a Constituição da Suécia, primeiros-ministros podem ser nomeados para governar se não houver uma maioria parlamentar contra eles. À nova chefe de governo, bastou que não houvesse maioria oposta à sua candidatura. Dos 349 legisladores, 174 votaram contra Andersson – eram necessários 175 votos contrários para impedir sua eleição.
Ela obteve 117 votos favoráveis e 57 deputados, membros dos partidos do centro e da esquerda, se abstiveram. Houve uma ausência.
Quem é Magdalena Andersson?
Mãe de dois filhos e casada com um economista, Magdalena Andersson assumiu a presidência de seu partido neste mês de novembro, substituindo o atual primeiro-ministro, Stefan Löfven, de 64 anos.
A nova chefe do Executivo sueco entra também no lugar de Löfven, que até agora esteve à frente de uma coalizão minoritária de governo formada pelos social-democratas e pelo Partido Verde. Espera-se que Andersson anuncie um novo gabinete rubro-verde na sexta-feira.
No início de novembro, Löfven havia passado o bastão da liderança partidária para Andersson. Há duas semanas, encaminhou um pedido para renunciar ao cargo de premiê ao presidente do Parlamento sueco, Andreas Norlén.
Com a saída, Löfven quer dar a Andersson a oportunidade de se posicionar melhor antes das próximas eleições legislativas na Suécia, que ocorrerão no segundo semestre de 2022.
Problemas de herança
Apesar de ter dez meses no cargo para se posicionar na corrida eleitoral, Andersson também herda problemas de seu antecessor. Entre eles, o controle da pandemia de covid-19, para a qual a Suécia escolheu um caminho considerado mais relaxado do que o de muitos países europeus. A pandemia chegou a expor lacunas no sistema previdenciário e de saúde do país, especialmente no cuidado com idosos.
Outro problema é a criminalidade de gangues que vem assolando o país, com relatos diários de tiroteios. Muitos veem esse fato como um sinal de que a Suécia fracassou na integração de imigrantes que chegaram ao país nas últimas décadas.
As proporções partidárias no Parlamento também representam um desafio, já que a coalizão entre verdes e social-democratas ocupa apenas 116 dos 349 assentos. O agora ex-primeiro-ministro Löfven dependia do Partido do Centro e do Partido da Esquerda para governar.
Mas Andersson afirmou que vai continuar como primeira-ministra mesmo se o Parlamento rejeitar o orçamento nesta quarta-feira e ela for forçada a implementar políticas propostas pela oposição de centro-direita. Se a proposta do governo não for aprovada pelo Parlamento, o Partido Verde disse que vai considerar sair do governo.
Mesmo havendo desunião entre centristas e esquerdistas, a oposição, mais unificada, também não consegue maioria parlamentar. Uma possível coalizão de centro-direita entre o Partido Moderado e os cristãos-democratas só encontrou apoio na legenda de extrema direita Democratas Suecos.
FONTE: DEUTCHE WELLE, AP E REUTERS
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