Agressor, identificado como Anton Lundin Pettersson, escolheu vítimas com base na cor, segundo autoridades
ESTOCOLMO — A polícia sueca confirmou nesta sexta-feira a motivação racista do ataque à escola de ensino fundamental e médio Kronan, na cidade de Trollhattan, enquanto o país reage com horror ao seu mais mortal incidente envolvendo violência escolar por mais de meio século. O agressor, identificado pela mídia local como Anton Lundin Pettersson, de 21 anos, invadiu o colégio usando uma máscara do Star Wars e matou a facadas um professor e um aluno. Outras duas pessoas ficaram gravemente feridas no ataque.
— Podemos confirmar que isso foi um crime motivado por ódio racial em parte porque o homem escolheu suas vítimas com base na cor de sua pele — afirmou o chefe de polícia Niclas Hallgren à rádio pública da Suécia. — Chegamos a esta conclusão com base no que encontramos em seu apartamento e no seu comportamento durante o ato, e também na forma como ele escolheu suas vítimas.
Suas vítimas eram um aluno de 17 anos e um professor, ambos mortos de ferimentos de faca. Um estudante de 14 anos e um professor de 41 anos permanecem no hospital em estado crítico.
Além da máscara do personagem Darth Vader, o agressor levava uma espada e um capacete semelhante ao usado pelos nazistas. Antes da matança, ele posou para fotos com os estudantes, que pensaram que era uma brincadeira de Halloween.
O jovem seria simpatizante da extrema-direita e escolheu justamente uma escola com elevado número de imigrantes. A mídia local relatou que as contas atribuídas ao suspeito no Facebook e no YouTube sugerem interesse pela Alemanha nazista e por Hitler. O assassino seria ainda violentamente hostil ao Islã e à imigração, fascinado por filmes de guerra e romances de Stephen King.
Na semana passada, em seu Facebook, o jovem de 21 anos postou um apelo dos Democratas da Suécia, partido de extrema-direita, sobre a realização de um referendo sobre a imigração, segundo a imprensa local.
A organização antirracista sueca Expo informou que conhecia a identidade do suspeito, cujo nome ainda não foi revelado pelas autoridades. No mês passado, segundo o grupo, ele teria demonstrado “clara simpatia com a extrema-direita e com movimentos anti-imigração”, aumentando temores de que o incidente tenha natureza racista.
— É muito cedo para dizer algo concreto sobre os motivos do assassino, mas talvez ele fosse um lobo solitário com simpatias pela extrema-direita. Isso é traumático para a Suécia, algo que não vimos antes — disse Daniel Poohl, da Expo.
Logo após o ataque, circularam imagens de um dia normal na escola, que de repente se transformou em um palco de terror. O professor morreu no local, enquanto o aluno, de 11 anos, não resistiu aos ferimentos no hospital.
— É um dia negro para a Suécia — lamentou o primeiro-ministro Stefan Löfven, antes de viajar a Trollhattan, uma cidade industrial de 50 mil habitantes perto de Gotemburgo, no Sul.
O rei Carl Gustaf disse que recebeu a notícia “com grande consternação e tristeza”.
ATAQUE PODE ACIRRAR DEBATE SOBRE IMIGRAÇÃO
Duas horas antes do ataque, a Suécia anunciou que espera receber até 190 mil refugiados este ano — o dobro das estimativas anteriores. Há um intenso debate sobre imigração no país, com a extrema-direita buscando explorar incidentes de violência. Em agosto, um requerente de asilo esfaqueou duas pessoas até a morte em uma loja Ikea perto de Estocolmo, provocando uma onda de indignação.
Trollhattan tem sido chamada de a cidade mais segregada na Suécia. A Escola Kronan está no coração de Kronogarden, uma região desfavorecida, onde mais da metade da população é de imigrantes. O bairro consta em um relatório sobre os “subúrbios esquecidos” no país.
Ataques a escolas são raros na Suécia — com apenas um incidente registrado nos últimos 20 anos, no qual um aluno foi morto a tiros. A tragédia levantou questionamentos sobre se a tradicional abertura da sociedade sueca pode colocar alunos e professores em risco.
— Não estou certo de que queremos uma situação como nos EUA, com detectores e guardas de segurança. Mas, se em locais de trabalho e escritórios há segurança, por que as escolas têm uma situação pior? — questionou Bo Johansson, chefe do sindicato dos professores.
Fonte: oglobo


























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